Anhembi abre seus estandes para a ''Brasil Cachaça 2004''

22/07/2004 - 6h51

Fabiana Uchinaka
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Valorizar a cachaça como uma bebida nobre no mercado mundial de destilados. É com esse objetivo que começa hoje (22), no Anhembi, a "Brasil Cachaça 2004", feira de negócios realizada pelo segundo ano consecutivo com o apoio da Agência de Promoção de Exportações (Apex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

A feira é promovida pela Federação Nacional das Associações de Produtores de Cachaça (Fenaca) e é a maior do setor. Reúne produtores industriais e alambiqueiros de pequeno porte, representantes da indústria de equipamentos e compradores. Este ano, a Apex organizou a visita de especialistas em bebidas e compradores dos Estados Unidos, Portugal, África do Sul, Argentina e Rússia e espera gerar R$ 12 milhões em novos negócios.

Os principais importados de cachaça são Alemanha, França, Portugal, Itália, Espanha e Inglaterra, mas o mercado alemão é de longe o mais fiel, com um consumo de 30% do total exportado.

Atualmente, o Brasil produz por ano 1,3 bilhão de litros de cachaça e apenas 1% é exportado. Como muitas das cachaças mais nobres são artesanais, de pequena produção, várias entidades uniram-se para viabilizar as exportações dos pequenos produtores. São elas a Fenaca, a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe)) e a Agência de Promoção de Exportações (Apex), com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Os pequenos produtores são responsáveis por 90% da produção de cachaça brasileira, mas não estão capacitados a ingressar no mercado internacional.

Segundo dados da Apex, a parceria tem apresentado resultados expressivos. Em 2003, as 107 empresas do setor exportaram US$ 10 milhões e, neste ano, a meta é chegar a US$ 14,8 milhões. Os números dos cinco primeiros meses de 2004 já apontam um crescimento de 27,15% nas exportações em relação ao ano passado,com cerca de US$ 4,3 milhões. A Apex pretende incluir no mercado de exportação outras 146 empresas até o fim deste ano.

Mais do que lidar com as barreiras tarifárias, o grande entrave para a inserção da cachaça no mercado internacional é a falta de certificação dos produtos, que precisam estar dentro de padrões de qualidade comprovados. O diretor executivo da Fenaca, Murilo Albernaz, explica que agora é o momento de os produtores brasileiros se profissionalizarem. "Estamos no início do processo de exportação e o setor pode levar de quatro a cinco anos para amadurecer. Temos um grande potencial e, com a continuidade de ações como a Feira, projetamos para 2006 um aumento efetivo das exportações", calcula.

Na Brasil Cachaça 2004, os organizadores pretendem divulgar as exigências dos vários mercados e simplificar as trocas de mercadorias quanto a barreiras ambientais. Nos quatro dias do evento, são esperadas 25 mil pessoas e realizadas rodadas de negócios entre os produtores brasileiros, especialmente os de menor porte, e os compradores, trazidos pelo Projeto Comprador, financiado pela Apex,. A Feira oferecerá também cursos de capacitação para os expositores e, no Espaço Tecno Cachaça, as novidades em tecnologia, maquinários e insumos.

Além disso, a Fenaca lançará o selo da Cachaça de Qualidade Produzida em Região Demarcada (CQPRD), que atestará a qualidade da bebida conforme as características das regiões produtoras. Até o final de 2005, a meta é lançar 20 milhões de garrafas com o selo.

Ao todos são 250 estandes, distribuídos em 11 mil m², que estão estruturados por estado para que o visitante conheça as características da cachaça de cada região. Estarão expostas cerca de quatrocentas marcas da bebida, produzidas em dezoito estados do país. O grande público poderá acompanhar um alambique em pleno funcionamento, ter aulas de degustação e levar para casa as cachaças expostas na feira e outros produtos.

O Brasil Cachaça 2004 se estenderá até o próximo dia 25 de julho, das 14h às 22h, para profissionais, e das 18h às 22h para visitantes, no Parque de Exposições do Anhembi, em São Paulo.

Os ingressos custam R$ 20,00.