Viagem de Lula a África relança política brasileira para o continente, diz professor da UnB

20/07/2004 - 11h11

Brasília, 20/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Na próxima semana, quando iniciar a segunda visita à África como presidente da República, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará relançando a política brasileira para aquele continente. "É uma segunda visita em um pequeno espaço de tempo e certamente isso terá uma grande ressonância na África. Havia uma expectativa de que o Brasil demonstrasse mais interesse com os assuntos africanos", afirmou o assessor de Assuntos Internacionais da Universidade de Brasília, José Flávio Saraiva, em entrevista ao jornal NBr Manhã, tevê a cabo da Radiobrás.

A primeira viagem ao sul da África foi uma incursão característica de parceiros tradicionais do Brasil, disse o professor. A dimensão da visita, agora, é mais política que propriamente comercial e econômica. No caso do Gabão está em jogo o fato de que o ministro de Relações Exteriores daquele país ocupará, a partir de agosto deste ano, a presidência da Assembléia Geral das Nações Unidas. "Isso é muito importante dentro daquele movimento de concertação política do Brasil voltado para um lugar possível permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. É uma posição mais visível dos interesses brasileiros na cena internacional", disse.

De acordo com José Flávio Saraiva, o presidente também não poderia deixar de comparecer na Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). "São países pequenos, de economia de pouca relevância do ponto de vista da economia africana, mas são países com os quais nós estamos valorizando a concertação política, a volorização da língua portuguesa como fator estratégico", afirmou.

Ele ressaltou alguns acordos que resultarão dessa viagem do presidente Lula à África. O primeiro é que o Brasil colaborará com a produção de telecentros, no qual o Serpro estará atuando diretamente. "Tudo que se refere a governo eletrônico, a informação, sociedade, intercâmbio,digamos de informações eletrônicas acessíveis ao grande público. Portanto, a idéia da cidadania e do acesso à informação. Esse é um projeto. O outro é o que já sabemos na área de saúde. O Brasil vem ampliando sua presença na África com a transferência de tecnologia, no caso do retrovirais, de combate à Aids. Fez isso em Moçambique e está agora fazendo nessa visita, no Gabão e também em São Tomé e Príncipe", salientou.