Bird reúne governo e sociedade civil para discutir inclusão social

20/07/2004 - 13h03

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Representantes do governo e da sociedade civil participam, esta semana, da oficina "Alianças para um Desenvolvimento Inclusivo", promovida pelo Banco Mundial (Bird) para debater ações e políticas de inclusão social – idosos, negros, imigrantes, indígenas, pobres e deficientes físicos.

De acordo com a especialista em deficiência e desenvolvimento inclusivo do Bird, Rosângela Berman Bieler, a idéia é que as políticas públicas sejam universais, mas que respeitem as diversidades. "Esse é um conceito novo internacionalmente. Hoje, a prática é compartimentada quando se trata de políticas para a mulher, para a indígena, negros, imigrantes, portadores de deficiência", disse Rosângela. "Faz muito mais sentido se planejar algo que seja para todos, considerando que a sociedade é composta por todos".

De acordo com dados do Banco Mundial, as deficiências atingem mais a população de baixa renda. Cerca de 17% dos pobres apresentam alguma deficiência. Ainda segundo dados do Bird, existem 600 milhões de portadores de deficiência ou de alguma necessidade especial, em todo o mundo. Destes, 400 milhões vivem em países em desenvolvimento. Apenas na América Latina e Caribe, concentram-se 79 milhões de deficientes.

Deficientes

A coordenadora geral da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde), Isabel Maior, disse que a colocação em prática dessa nova proposta será um "exercício bastante diferente e até mesmo difícil" já que, durante anos, o trabalho foi feito para se construir uma política específica a esse segmento. A Corde é um órgão da Secretaria Especial de Direitos Humanos.

"Agora é um exercício contrário, uma vez que o movimento já encontrou sua maturidade e que o Brasil já dispõe de políticas e legislação suficientes para garantir a inclusão, agora, nós podemos fazer um movimento de inclusão dentro da própria política geral", explicou Isabel.

A coordenadora da Corde disse que a definição de políticas específicas foi importante até mesmo para dar visibilidade aos portadores de deficiência e a suas necessidades. Segundo dados do órgão da União Européia que trata das questões sobre portadores de deficiência ("European Disability Fórum"), estima-se que a população portadora de deficiência crescerá 120% nos países do Hemisfério Sul – onde há maior concentração de países pobres e em desenvolvimento –, enquanto que, no Norte, o crescimento será de 40%. A estimativa foi feita com base na projeção do crescimento demográfico mundial.

O secretário adjunto da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Mário Mamede, disse que o governo está participando do evento e que irá analisar a proposta do Bird sobre desenvolvimento inclusivo. "Nós estamos ouvindo, muito mais atentos às informações que estão sendo passadas para nós, no sentido de tomarmos uma posição política tanto como governo (Corde), como através do Conade (Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência)", disse Mamede. Rosângela Bieler afirmou que o Brasil foi escolhido para ser a iniciativa piloto dessa nova proposta e que a oficina deverá ser realizada nos demais países.