Missão japonesa no Brasil estuda investimento em biocombustível

19/07/2004 - 18h22

Brasília, 19/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - O diretor do Banco de Cooperação Internacional do Japão (JBIC), Koichi Yajima, e técnicos japoneses estão no Brasil para iniciar os estudos sobre a produção de combustíveis alternativos. O biodiesel será prioridade na aplicação dos recursos e parte dos investimentos irão para a produção de etanol, tecnologia já consolidada no país. A missão, de caráter político, esteve reunida hoje com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e propôs o empréstimo de US$ 600 milhões a longo prazo para financiar a parte logística, a infra-estrutura e a agroindústria.

Metade dos recursos, segundo o ministro Roberto Rodrigues, virão do banco de investimentos do governo japonês e metade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O Japão autorizou em março deste ano a adição de até 3% de etanol à gasolina, o que pode representar uma demanda de 10 bilhões de litros de álcool por ano no mercado japonês. Para atender essa demanda, o Brasil precisaria aumentar em dois milhões de hectares a área de plantio de cana-de-açúcar.

O Japão consome por ano cerca de 1,8 bilhão de litros de álcool como combustível. O Brasil consome 14 bilhões de litros de álcool por ano, com a adição de 25% de etanol à gasolina. "Se o Brasil consome gasolina com 25% de álcool misturado e gasta 14 bilhões de litros de álcool por ano, imagina o Japão consumindo cerca de 10% a 15% de álcool adicionado à gasolina. É um mercado que exigiria que o Brasil plantasse muito mais cana-de-açúcar do que planta hoje. Esse projeto, para um país como o Japão, que pensa o protocolo de Quioto e é muito bem estruturado, precisa ser muito bem estudado antes de ser implementado. Eu imagino o programa do etanol como o grande projeto agrícola entre os dois países", afirma o ministro Roberto Rodrigues.

Apesar de os dois governos não terem acertado uma data para implantar o projeto, o ministro da Agricultura mostrou-se otimista. "A negociação ainda é muito preliminar mas, conhecendo a cultura do povo aplicado como é o japonês, o fato dessa missão estar aqui menos de um mês após a nossa ida ao Japão mostra um interesse que me faz ter esperanças reais de que esse projeto possa avançar", diz Rodrigues.

Ele afirma, porém, que o projeto será de longo prazo, em torno de quatro a seis anos, para que o BNDES desembolse os recursos para a produção de cana. "Seguramente o BNDES terá interesse na geração de empregos que serão obtidos com a produção".

A missão japonesa segue nos próximos dias para São Paulo e Ribeirão Preto. Uma nova missão técnica chegará ao Brasil dentro de 60 dias para iniciar parcerias para viabilizar o projeto.