Mercosul e UE buscam avanços nas negociações de acordo comercial

19/07/2004 - 18h54

Brasília, 19/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Representantes do Brasil e dos outros países do Mercosul buscam agilizar as negociações do acordo comercial a ser celebrado com a União Européia, até outubro, para ampliar as exportações de produtos agropecuários. As negociações estão sendo realizadas de hoje até o dia 23 em Bruxelas, na Bélgica, na XV Reunião do Comitê de Negociações Bi-regionais Mercosul-UE. Atualmente, o Brasil exporta US$ 9 bilhões em produtos agropecuários para a UE por ano, o que equivale a 30% das exportações do agronegócio nacional.

O presidente da Comissão Nacional de Comércio Exterior da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Gilman Viana Rodrigues, entende que o Brasil precisa ser mais incisivo ao reivindicar junto à UE mais abertura de mercado aos produtos agropecuários.

Ao comentar as negociações, Gilman Rodrigues, lembra que "se fossemos fechar o acordo da forma que está hoje, não seria bom. Mas há espaço para melhorar o jogo, pois o prazo não terminou". Ele defende a apresentação de propostas mais claras, "mais audaciosas dos dois lados. Negócio é troca. Um bloco tem que oferecer e cobrar dos outros", destaca.

O setor privado, segundo o dirigente da CNA, espera que as negociações avancem a partir dessa reunião. Ele afirma que há espaço para progressos concretos nas propostas comerciais dos dois blocos até o fechamento do acordo.

Para o diretor de Políticas e Acordos Comerciais Agrícolas do Ministério da Agricultura, Lino Couvera, a última proposta apresentada pela União Européia precisa ser melhorada. "Ela ainda não satisfaz as nossas expectativas. Desejamos que a oferta seja mais generosa".

Segundo ele, os europeus aceitam negociar grande parte dos produtos agrícolas em que não há grandes restrições comerciais, como é o caso da soja, sucos, frutas, café, entre outros. "Queremos aumentar as facilidades de acesso dos nossos produtos no mercado europeu. Queremos que eles sejam mais generosos", diz.

O diretor econômico da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Ricardo Cota, afirma que a reunião de Bruxelas não é decisiva, embora seja oportuna. "Ou a União Européia dá um passo à frente na melhoria das propostas, ou a negociação vai ficar difícil de prosseguir".

Segundo ele, o Mercosul avançou na melhoria das condições oferecidas à UE para a importação de produtos industrializados e serviços. "Queremos a contrapartida deles no volume das cotas tarifárias, ou seja, volume de exportações com tarifa reduzida".

O dirigente da Faemg informa que a União Européia ofereceu uma cota de importação de 100 mil toneladas de carne bovina por ano do Mercosul, mas o bloco econômico do Cone Sul quer aumentar a cota para 300 mil toneladas.

De acordo com o diretor, se o Brasil exporta um quilo de filé mignon a US$ 5 para a UE, o produto chega ao mercado europeu a US$ 13, por causa da tarifa de importação imposta. "Mesmo assim somos competitivos". Ele revela ainda que o exemplo da carne bovina se aplica a outros dez produtos exportados pelo Mercosul para a UE.