Mercado não acredita em redução da Selic no curto prazo

19/07/2004 - 10h15

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Consultores e analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central, na última sexta-feira, não acreditam em redução da taxa básica de juros (Selic), durante a reunião que o Comitê de Política Monetária (Copom) fará, amanhã e depois, para avaliar o comportamento da economia.

É o que demonstra o Boletim Focus, divulgado hoje, com o resultado da pesquisa semanal sobre expectativas do mercado financeiro. As instituições consultadas estimam que a Selic permanecerá nos atuais 16% ao ano, pelo menos até a reunião que o Copom fará em agosto.

O entendimento é que a inflação permanece em alta, distanciando-se cada vez mais do centro da meta oficial de 5,5% no ano. A perspectiva de mercado no comércio varejista aumentou pela décima semana seguida e aponta para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 7,08%, em 2004.

As projeções de inflação no atacado são ainda mais altas, pois os índices pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já ultrapassam 11%. Mas, em relação a este mês, houve leve arrefecimento dos preços, com o IPCA apontando para 0,92% (na semana anterior estava em 0,95%).

Como a inflação não cede, o mercado está menos otimista quanto à redução da taxa básica de juros, que deve encerrar 2004 em 15,25%, de acordo com a média das expectativas. Essa projeção leva junto, também, os prognósticos para o ano que vem - na semana passada o mercado previa Selic de 13,75%, em 2005, e agora elevou para 14%.

Enquanto a inflação causa preocupações, no "front" externo as notícias são cada dia mais promissoras, em decorrência, principalmente, do bom comportamento das exportações. Tanto que o mercado elevou as expectativas de saldo da balança comercial deste ano, de US$ 28 bilhões para US$ 29 bilhões.

As projeções aumentaram US$ 2 bilhões em apenas um mês e isso eleva as estimativas de saldo comercial também para 2005, com os números indicando saldo de US$ 25 bilhões, ante US$ 24,55 bilhões na semana anterior. Esse aumento na captação de divisas eleva, ainda, a expectativa de melhora do saldo em transações correntes, que deve passar de US$ 5,69 bilhões, há uma semana, para US$ 6 bilhões.

O mercado também se deixou influenciar pelos bons números divulgados recentemente sobre a recuperação gradativa da indústria e do comércio. Em razão disso, acredita que o Produto Interno Bruto (PIB), que é o crescimento de todas as riquezas do país, será de 3,57% neste ano. Há um mês, o mercado apostava no PIB de 3,50%.