Cuiabá, 19/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Pelo menos R$ 15 milhões dos fundos setoriais do Ministério da Ciência e Tecnologia serão destinados para a região Amazônica, segundo anunciou o ministro Eduardo Campos, durante palestra na abertura da 56ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Os recursos serão empregados na formação de recursos humanos para a região - hoje, são cerca de mil doutores que têm como objeto de suas pesquisas a floresta amazônica. Participam da reunião, que se estenderá até a próxima sexta-feira, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), estudantes, professores e pesquisadores.
"A idéia é formar brasileiros que possam buscar a preservação com o desenvolvimento. Sem desenvolvimento é muito difícil fazer ciência. Temos a compreensão de que um estoque de conhecimento pode dar um diferencial na economia. O conhecimento é fundamental para o progresso da Amazônia", disse.
Sobre a biopirataria, Campos disse que é preciso combatê-la com ação policial e permitir que os cientistas brasileiros conheçam a região antes dos estrangeiros. Acrescentou que aqueles que entram legalmente têm permissão para pesquisar a região - citou os franceses, que compartilham o conhecimento com os brasileiros.
O ministro ressaltou a importância de se investir em pesquisas científicas e disse que a ciência e o desenvolvimento devem estar ligados. "Se hoje temos bilhões como resultado na nossa balança comercial vindos do agronegócio, isso não foi fruto só das terras e empreendedorismo do trabalhador brasileiro, mas foi pela estrutura de ciência e tecnologia, pela Embrapa e as universidades que pesquisaram", lembrou Campos.
O presidente da Associação dos Docentes da UFMT, professor Luís Galleti, um dos palestrantes, denunciou a defasagem salarial dos professores - um desrespeito a esta categoria do serviço público. Segundo o professor faltam nas universidades professores concursados. Ele pediu a incorporação das gratificações aos salários.
O coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Eduardo Marques, denunciou também a falta de professores, acervo para melhorar a biblioteca, segurança e falta de recursos para manter o funcionamento da universidade. Os estudantes promoveram uma manifestação com apitos, batucaram e pediram ajuda para a instituição durante toda a abertura do evento.
Para o ministro Eduardo Campos a manifestação dos estudantes é importante e que estranharia se não houvesse. Já Jorge Guimarães, presidente da Capes, disse que transmitiria os pedidos ao presidente Lula. Guimarães representou o ministro da Educação, Tarso Genro durante a solenidade.