Reunião da SBPC discute pela primeira vez a ciência indígena

18/07/2004 - 9h47

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Beasília - Pela primeira vez, o saber indígena será visto e discutido na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) com o mesmo valor do conhecimento dos não-índios. É o "SBPC e a Ciência Indígena", que será realizado de amanhã até quarta-feira (21) e integra a programação da 56ª reunião da Sociedade, aberta hoje e que vai até o dia 23. O objetivo é dar visibilidade ao conhecimento indígena dentro da perspectiva do valor científico, já que o Brasil possui mais de 220 povos falando 170 línguas diferentes.

Além de pesquisadores, indigenistas, instituições e entidades envolvidas com questões indígenas, a expectativa é de que 250 índios participem do evento. Eles vão dirigir 80% da sua programação, ministrando conferências, coordenando mesas e apresentando trabalhos. Também estarão presente professores indígenas de todo o país e acadêmicos do projeto 3º Grau indígena, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), estado onde será realizado o congresso.

A Unemat é a primeira universidade da América Latina a oferecer um curso superior para a formação de índios. É o projeto 3º Grau Indígena, que atende a 200 professores indígenas de 33 etnias de 11 estados brasileiros e possui cursos de Línguas, Artes e Literatura, Ciências Matemáticas e da Natureza e Ciências Sociais. A experiência começou em 2001 e é realizada em parceria com a Secretaria de Educação do Estado, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Prefeitura local.

Ao todo, 18 mesas-redondas, conferências e oficinas debaterão amplamente a questão indígena com temas que envolvem discriminação e intolerância racial e políticas afirmativas, economia, meio ambiente e sustentabilidade, a imagem do índio na mídia, espiritualidade indígena, educação escolar para povos indígenas, formação de professores indígenas e material didático, saúde indígena e conhecimento tradicional.