Olga Bardawil
Repórter da Agência Brasil
Fortaleza - O Brasil não tem crescido o suficiente nas últimas décadas para gerar empregos que absorvam a mão de obra que cresce mais rapidamente que a economia. Essa foi uma das conclusões do prof. Márcio Pochman, da Universidade de Campinas (Unicamp), durante o Fórum de Desenvolvimento Econômico promovido pelo Banco do Nordeste.
Falando no painel sobre desemprego e auto-emprego, Pochman disse que o Brasil vive a mais longa crise desde 1840, "com taxas de crescimento um pouco acima do crescimento demográfico, em torno de 2% ao ano, insuficiente para absorver a demanda anual de mão-de-obra de 2,1 milhões de pessoas". Segundo ele, o Brasil tem hoje 5% dos 160 milhões de desempregados do planeta, enquanto os sete países mais ricos do mundo, Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Canadá, detêm apenas 11% desse total.
Outra conclusão do painel, que abordou ainda a questão das microfinanças e o empreedendorismo, foi a de que o Brasil precisa desenvolver sistemas de financiamento para os micro-empreededores. Para Marcio Pochman, o pais tem vivido um cliclo de financeirização onde a riqueza produzida não contribui para aumentar a produção e o emprego. O professor da Unicamp diz que isso "aprisionou a política macroeconômica" impedindo a geração da riqueza produtiva. Os mais prejudicados são os pobres que buscam na informalidade uma saída para o desemprego e dependem do mcirofinanciamento para se inserirem na economia formal já que o País não tem um sistema bancário para a população carente.
"O sistema bancário brasileiro, mais destinado à elite e à classe média, não se interessa pelo atendimento aos pobres, porque o seu custo operacional é elevado", disse o professor da Unicamp. Pochman reconheceu os esforços do governo federal, por meio de programas como o micro-crédito do Banco do Nordeste, mas afirmou que esse tipo de empreendimento "deveria ter uma regulação pública mais clara e diferente, já que não tem as características da empresa capitalista tradicional".