Pesquisa entre jovens mostra preocupação com educação e trabalho

16/07/2004 - 12h05

Brasília, 16/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Uma pesquisa realizada pelo Instituto Cidadania, de São Paulo, aponta para a incorreção de alguns estereótipos acalentados pela sociedade sobre a juventude. Segundo afirmou a cientista política Maria das Graças Ruas, professora da Universidade de Brasília, os jovens querem trabalho e educação de qualidade.

Em entrevista ao programa NBr Manhã, da tevê a cabo da Radiobrás, Maria das Graças Ruas disse que a pesquisa foi ampla, com a participação de mais de 3.500 jovens, ouvidos de agosto de 2003 até maio deste ano. "Realmente é uma pesquisa muito significativa e confirma o resultado de algumas pesquisas anteriores, de menor porte, que vinham apontando para a incorreção de alguns estereótipos", afirmou.

Segundo a professora, a pesquisa mostra que o jovem encara muito seriamente a vida, o futuro, e isso significa que ele tem projetos, quer trabalhar, constituir um aprendizado e se situar profissionalmente no mercado. Muito freqüentemente tem um projeto de família. Ela disse ainda que a pesquisa mostra que o jovem se preocupa com a oportunidade que vai ter no mercado de trabalho, "que é um mercado muito volátil, muito exigente e que, pela sua própria condição de jovem, freqüentemente impõe uma certa assimetria de tratamento, uma certa exclusão, como se ele ainda não fosse digno de confiança, talvez até mesmo em virtude desses estereótipos", afirmou.

A pesquisa aponta ainda, segundo a professora, que existe um certo desalento por parte desses jovens com relação à qualidade da educação. Muitos não chegam ao ensino universitário e se preocupam muito porque a qualidade da educação fundamental e média não assegura chegar na universidade e também não assegura o ingresso no mercado de trabalho.

Segundo a pesquisa, a maior dificuldade do jovem com relação ao mercado de trabalho é o fato de que é preciso a experiência prévia, que é uma exigência constante. "Um dos fatos que chamam a atenção no Brasil é que, normalmente, o empresariado quer o profissional pronto, qualificado formalmente, com a experiência já constituída. Então, é preciso uma maior consciência do empresariado no sentido de ele contribuir para constituir essa mão-de-obra qualificada", disse Maria das Graças Ruas.

A pesquisa, que já foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está sendo distribuída para autoridades, lideranças de entidades de classe e outros representantes da sociedade civil. A expectativa é alcançar, até agosto, um consenso sobre os resultados da pesquisa.