Caminhoneiros pedem ao presidente recursos da CIDE para recuperar rodovias

16/07/2004 - 12h06

Paula Medeiros
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Representantes da Frente Nacional do Transporte Rodoviário de Carga vieram reivindicar ao presidente Lula a aplicação dos recursos arrecadados com a Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) na recuperação das rodovias do país. Eles querem sensibilizar o presidente para as dificuldades enfrentadas pelos caminhoneiros devido às condições precárias das estradas.

"Os problemas que nós temos no setor rodoviário de carga já são bem conhecidos. O que nós queremos é sensibilizar o presidente para a liberação dos recursos da Cide para reconstruir as rodovias, a infra-estrutura portuária, a infra-estrutura ferroviária e o transporte urbano", disse o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes.

Segundo dados da Abcam, desde que foi criada, em 2001, a Cide já arrecadou R$ 18 bilhões, sendo que a totalidade da malha rodoviária federal poderia ser recuperada com R$ 8 bilhões. A lei que criou o imposto determina que os recursos deveriam ser aplicados em infra-estrutura viária, mas, segundo Lopes, isso não tem acontecido. "Nós queremos o cumprimento da lei".

A situação das rodovias, segundo os caminhoneiros, prejudica a competitividade do país. Lopes explicou que enquanto um produtor de soja nos Estados Unidos gasta US$ 15,50 por tonelada para levar sua mercadoria ao porto, um produtor brasileiro gasta US$ 23,50 para percorrer a mesma distância.

O presidente da Abcam lembrou que 62% dos bens nacionais são transportados por rodovias. Apesar disso, um levantamento da Confederação Nacional dos Transportes classificou 82% das estradas brasileiras como deficientes, ruins ou péssimas.

Lopes afirmou ainda que a convocação de uma paralisação da categoria por 72 horas no dia 25 de julho está mantida. "Se o presidente pedir que a gente não pare, eu vou pedir que ele libere os recursos da Cide. Eu acho que é uma troca justa", afirmou.

Segundo Lopes, a frota nacional de caminhões é de 1,2 milhões. Desse total, 450 mil caminhoneiros são autônomos e 100 mil estão filiados à Abcam.