Brasília, 16/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - De 2ª a 5ª feira (22) Brasil, Argentina e África do Sul apresentam aos países membros da Comissão Internacional da Baleia (Cib) proposta transformando o Atlântico Sul num santuário de baleias, uma área onde é proibida a caça destes grandes mamíferos aquáticos.
A 56ª Reunião da Cib se realiza em Sorrento, na Itália. A Cib, criada em 1945 para regulamentar a caça dos cetáceos, é o único fórum reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) que define estratégias de conservação de baleias.
A proposta do santuário do Atlântico Sul precisa dos votos favoráveis de três quartos dos países membros da Cib que estejam presentes à votação. Nos anos anteriores, apesar de conseguir a aceitação da maioria dos presentes, a proposta não foi aprovada por falta do quorum exigido.
Este ano, a atenção da delegação brasileira se volta para os países que votam contra a proposta ou que se abstêm, como é o caso do Panamá, Belize, Irlanda e Marrocos, além das nações caribenhas. "Se conquistarmos os votos deles, aprovamos o Santuário", destaca José Truda Palazzo Jr., coordenador do Projeto Baleia Franca, que já está na Itália para as reuniões preliminares da Cib.
O objetivo do Santuário é proteger as baleias da caça na área que fica entre a linha do Equador até o limite de 40ºS, onde se inicia o já existente Santuário Antártico. Com a nova área de proteção, seria criado um grande corredor para a reprodução, amamentação, migração e alimentação para 11 das 14 espécies de baleias existentes no mundo.
A região definida engloba, além do alto mar, o litoral do Brasil e parte da costa oeste africana.
Só na costa brasileira, ocorrem sete das oito espécie com barbatanas que existem no mundo: a baleia-franca, a azul (maior mamífero do Planeta), a baleia-fin, a baleia-sei, a jubarte, a baleia-de-Bryde e a minke. As cinco primeiras são as ameaçadas de extinção.
Instituições ambientalistas internacionais afirmam que desde 1986, quando foi decretada a moratória contra a caça pela Cib, foram capturados mais de 20 mil animais. Os principais países baleeiros são Japão, Islândia e Noruega, que afirmam pescar para fins de pesquisa científica. Só este ano, estima-se que mais de mil indivíduos foram mortos. A previsão é que o estoque atual de baleias não chegue a 10% das populações originais.
Hoje, existem dois santuários criados pela Cib: o do Oceano Índico (1970) e o do Oceano Antártico (1994). Entretanto, o status de santuário dessas regiões é temporário, devendo ser reavaliado dentro de períodos determinados pela Comissão. (Ascom Ibama)