Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O relatório de mais de 100 páginas divulgado anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com o ranking dos países no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) vai além do que simplesmente apontar as nações que tiveram avanços internos no período de um ano. Na avaliação do assessor para o Desenvolvimento Humano Sustentável do PNUD, José Libânio, o IDH é apenas uma pequena parte de um amplo diagnóstico desenvolvido pela ONU para analisar as condições de vida de uma população.
O IDH é calculado com base nos indicadores de educação, expectativa de vida e renda da população. Mas os três indicadores não são suficientes, na avaliação de Libânio, para apontar se a população de um país tem à sua disposição todos os elementos necessários para o seu desenvolvimento. "Muitas outras dimensões de desenvolvimento não estão no índice, como liberdade política, preservação ambiental e acesso à cultura", afirma Libânio em entrevista exclusiva à Agência Brasil.
Segundo o assessor, o conceito de desenvolvimento humano deve ser tratado muito além da dimensão econômica, tendo como foco principal o ser humano. "Normalmente olha-se apenas para a dimensão econômica do desenvolvimento. Um país estar se desenvolvendo não quer dizer que está crescendo economicamente. É pertinente perguntar se esse crescimento está sendo revertido em bem estar para o povo, e é isso que o índice mede", disse.
O foco principal do relatório da ONU este ano é o direito à cultura. O PNUD ressalta a importância do respeito às manifestações culturais de um povo, assim como a necessidade de um país se manter aberto à cultura produzida por outras nações. "Democracia e crescimento econômico são muito importantes. Mas tão importante quanto isso é garantir as liberdades culturais para que se alcance o desenvolvimento e a paz dentro dos países, e entre os países", ressaltou Libanio.
O Brasil foi mencionado de forma positiva no campo cultural pelo relatório da ONU. A legislação do país no setor, especialmente a Lei de Incentivo à Cultura, foi citada como um exemplo de ação a ser desenvolvido nos países como forma de universalizar o acesso à cultura para a população de um país.