Brasília, 15/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) só vai apreciar no dia 28 deste mês o mérito da nova proposta de compra da fábrica de chocolates Garoto pela multimaciomnal Nestlé. O motivo é uma solicitação de vistas do processo feita ontem à noite pelo conselheiro Esteves Scaloppe, durante a reunião realizada para votar o pedido de reconsideração do veto à aquisição decidido pelo órgão.
Para ficar com a Garoto, a Nestlé se compromete a vender 10% das marcas de chocolates da empresa brasileira a tereceiros, para atender ao limite de 44% de participação máxima no mercado imposto pelo Cade: ela ficaria com 37,5%, em lugar dos 47,5% atuais. A Garoto foi comprada pela Nestlé por US$ 250 milhões, mas o Cade vetou o negócio para impedir a excessiva concentração da indústria de chococolates numa única empresa
Mercado
O mercado de chocolates no Brasil está hoje nas mãos de três grandes empresas: Nestlé, Garoto e Lacta. Juntas, Nestlé e Garoto detêm 58,4% do mercado total de chocolates, segundo dados fornecidos pelos fabricantes à Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico), referentes a 2001. A Lacta, controlada pela Kraft Foods, tem uma participação de 33,15%.
Os órgãos de defesa da concorrência passaram a analisar a operação de compra da Garoto pela Nestlé depois que a Kraft (Lacta) e a Cadbury pediram que a operação fosse suspensa. A Nestlé e a Garoto assinaram, então o compromisso com o Cade de não adotar medidas irreversíveis até o julgamento do caso.
Desde então, o relator do processo de compra, Thompson Andrade, afirma que a operação gera grande concentração de mercado, cria barreiras para entrada de concorrentes no setor e ainda não gera redução de custo suficiente para evitar uma possível alta de preços.
A concentração do setor após a compra da Garoto já repercute na redução dos gastos publicitários dos fabricantes de chocolate. Segundo pesquisa da revista Meio e Mensagem, os investimentos da Nestlé (com Garoto) encolheram 17,9% no ano passado em relação a 2002. Já os gastos da Lacta com publicidade caíram 8,45% no período.
