Brasília, 15/7/2004 (Agência Brasil -ABr) - Dos 193 países do mundo, 31 concentram 98% dos artigos científicos com maior número de citações produzidos anualmente. O Brasil é um deles. Apesar de estar em 72º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), publicado anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o país ocupa a 24ª posição entre as nações com maior produção científica, à frente de Taiwan, Irlanda, Grécia, Cingapura, Portugal, África do Sul, Irã e Luxemburgo.
O ranking científico está em artigo da edição de hoje da revista Nature, escrito por David King, professor da Universidade de Cambridge e chefe do Escritório de Ciência e Tecnologia (OST) britânico, a partir de dados da Thomson ISI – antigo Instituto para Informação Científica (ISI) –, que indexa mais de 8 mil periódicos em 36 línguas.
King, também conhecido como sir David, por ter o título de cavaleiro da ordem do império britânico, analisa os resultados dos investimentos feitos em pesquisa na última década, procurando traçar um panorama global e comparando alguns países e blocos político-econômicos.
Os Estados Unidos lideram as listas de número de publicações, de citações e de 1% dos artigos mais citados. O estudo de King revela surpresas, como a de que os 15 países da União Européia viram sua produção aumentar mais entre 1993 e 2001 e agora publicam mais do que os norte-americanos.
Outra novidade é que o total de artigos produzidos nos Estados Unidos tem aumentado pouco, passando de 1.248.733, de 1993 a 1997, para 1.265.808, de 1997 a 2001. Como resultado, o país passou, nos mesmos períodos, de 37,46% a 34,86% do total dos 31 países.
Considerando os mesmos intervalos, houve aumentos maiores no Reino Unido (de 308.683 para 342.535), na Alemanha (de 268.393 para 318.286), no Japão (de 289.751 para 336.858) e na França (de 203.814 para 232.058), que completam os cinco primeiros lugares.
Proporcionalmente, os números brasileiros cresceram ainda mais, pulando de 27.874 (de 1993 a 1997) para 43.971 (de 1997 a 2001). No segundo período, 188 artigos produzidos no Brasil estiveram entre o 1% das publicações mais citadas mundialmente. Os aumentos são comuns a outros países em desenvolvimento, como África do Sul, Coréia do Sul, China e Irã.
Mas o crescimento no número de publicações não significa um maior impacto das ciências desses países. King combinou vários dados de produção científica com valores socioeconômicos e chegou a um indicador, que deu o nome de RBI, que mostra a taxa de impacto por artigo entre os 1% mais citados nos 31 países.
Nesse novo ranking, o Brasil cai para 26º lugar, com um RBI de 0.62 entre 1993 e 2002. Como a lista leva em conta também o Produto Interno Bruto (PIB) e a população, o primeiro lugar na lista traz a Suíça, com um RBI de 1.59, seguido pelos Estados Unidos, com 1.41 e a Dinamarca, com 1.48. (Agência Fapesp)