Secretária defende tratamento diferenciado para mulheres

14/07/2004 - 10h07

Eduardo Mamcasz
Da Rádio Nacional da Amazônia

Brasília - O índice de violência praticada contra as mulheres no Brasil é considerado "assustador" por Maria Laura, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Em entrevista ao programa "Revista Amazônia", da Rádio Nacional da Amazônia, a secretária-adjunta detalhou os principais temas que serão debatidos na Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que começa amanhã (15) em Brasília.

Os estupros "que continuam sendo praticados por pais contra as filhas" e a transmissão do vírus da Aids do marido para a esposa estão entre o que Maria Laura considera "violências gravíssimas". Por isso, acrescentou, a conferência "precisa dar visibilidade a esses temas graves, porque não adianta colocá-los debaixo do tapete da sociedade".

Dentre os direitos a serem debatidos durante o encontro, Maria Laura citou ainda a cidadania, o acesso ao crédito e a titulação da terra em nome da mulher. A secretária-adjunta lembrou que "é muito grande e invisível o percentual de mulheres que são chefes de família e, portanto, responsáveis pelo sustento de todo o núcleo".

As mulheres, acrescentou, também estão entre os que têm menos documentos pessoais. "Elas participam da produção da riqueza no Brasil mas o fazem mais no trabalho informal", informou. E explicou que essa situação de falta de um documento de identidade ou de carteira de trabalho é provocada por "um desvio cultural que releva à mulher o chamado trabalho interno do lar".

Ao defender a necessidade de um "atendimento diferenciado à mulher, por parte do Estado", a secretária-adjunta lamentou o grande número de mortes na hora do parto, que poderia ser evitado. "Cabe ao sistema público de saúde dar todo atendimento, inclusive no caso de gestação não desejada, fruto de um ato de violência contra a mulher".