Rio, 14/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Os 14 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente foram lembrados no Rio de Janeiro com um debate diferente. As instituições de governo e as organizações não-governamentais que assistem menores passaram a expectadores, enquanto os adolescentes atendidos pelos programas sociais contaram suas histórias de violência doméstica, passagem pela polícia, frio, fome e prostituição nas ruas, expectativas e dificuldades enfrentadas para conseguir trabalho ou conviver com outras pessoas quando falam que já viveram nas ruas.
Entre as muitas situações narradas, a de Leandro Ferreira Gomes, de 18 anos, é mais uma nas estatísticas de violência dentro de casa. Nas ruas de Copacabana, onde viveu por dois anos, Leandro chegou a ser preso por roubo e hoje vive em um abrigo da Prefeitura da cidade em Laranjeiras. "Agora refleti sobre as coisas que aprontei e estou trabalhando. Pra mim o que tem que mudar é a maneira como a polícia trata a gente. Eles batem muito em quem está preso", desabafou.
O juiz da 1ª Vara da Infância e da Juventude, Siro Darlan, também participou do encontro. Ele disse que a família não tem cumprido seu papel de educadora por motivos que vão desde a falta de oportunidade de trabalho, alcoolismo, drogas e miséria, mas que nada justifica os maus tratos às crianças. Por outro lado, o juiz responsabilizou o poder público "por descumprir a lei e não oferecer aos jovens programas efetivos de reinserção à sociedade".