Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A nova meta da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é fazer "inteligência com inteligência". Com essa frase, o delegado da Polícia Civil de São Paulo Mauro Marcelo Lima assumiu hoje a diretoria-geral da agência.
"Essas três palavras sintetizam o novo norte da Abin. Nós não vamos discutir a velha história, vamos fazer a nova história. A nova história da Inteligência no Brasil", destacou o novo diretor, em coletiva à imprensa logo após a cerimônia de sua posse.
Mauro Marcelo ressaltou ainda que a instituição não pode cometer erros. "Precisamos nos antecipar. Aquele que se antecipa não é surpreendido. O governo não pode em hipótese nenhuma ser surpreendido. Não nos é permitido errar". E aproveitou para dizer que está em estudo a abertura de mais escritórios do órgão no exterior. Hoje, a agência possui filiais na Argentina e nos Estados Unidos.
Questionado se a Abin falhou nos casos do ex-assessor do Palácio do Planalto, Waldomiro Diniz, e da Máfia do Sangue, o diretor preferiu não comentar fatos já que ocorreram antes de sua posse. "A Abin é criticada por não ter feito e ela é criticada por fazer. Vamos ter que andar no fio da navalha sem nos machucarmos", ressaltou.
Mauro Marcelo também não quis comentar a suposta informação, divulgada recentemente pela revista "Veja", de que dois funcionários da Abin e um do Palácio do Planalto estariam fazendo espionagem no palácio com o objetivo de prejudicar o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. Segundo ele, uma sindicância já está investigando as denúncias.
O novo diretor encerrou seu discurso de posse fazendo uma analogia do governo Lula com um jogo de futebol. Para ele, o governo está ganhando a partida, apesar de ter recebido alguns cartões amarelos. E ressaltou que, mesmo antes de assumir o cargo, ele também recebeu algumas "caneladas".
Referindo-se a matérias publicadas pela revista "Carta Capital" em relação a sua nomeação, o diretor disse que ficou surpreendido, mas não estava chateado. "Na minha visão de democracia, a imprensa é o principal pilar do Estado democrático de direito. A liberdade de imprensa é o verniz dessa pilastra. Vocês nunca vão me ver processando um jornalista, por pior que seja. Acho que a imprensa não pode ser atingida nem pelo braço da Justiça".