Diretor do Banco Central diz que recuperação da economia é consistente

13/07/2004 - 13h05

Brasília, 13/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - A atividade econômica vem se mantendo em expansão e evolui de modo consistente quanto às projeções para o crescimento sustentado. Quem garante é o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Beviláqua, com base na expansão de 2,7% que o Produto Interno Bruto (PIB) apresentou no primeiro trimestre deste ano. O resultado deu seqüência à recuperação registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir do terceiro trimestre de 2003.

Beviláqua disse que os indicadores de atividades refletem a continuidade de recuperação da demanda interna, bem como o dinamismo das exportações, que vão garantir saldo recorde da balança comercial neste ano. Isso, apesar de o cenário internacional estar menos favorável, com permanência dos preços do petróleo em patamar elevado e a retomada gradativa do aumento da taxa de juros norte-americana.

De acordo com o diretor, o crescimento do consumo interno é influenciado não apenas pelo recente aumento das contratações de crédito, mas também pela expansão do emprego e pela recuperação do poder aquisitivo. Esses fatores, segundo ele, têm contribuído para sustentar a atividade varejista, sobretudo as vendas de bens de consumo não duráveis, conforme pesquisas do IBGE junto ao comércio.

O investimento é outro componente de demanda interna que, para Beviláqua, também tem demonstrado crescimento expressivo, refletindo a evolução favorável dos fundamentos econômicos, o que consolida as expectativas positivas para o desempenho da economia. Este cenário cria condições propícias para a indústria, acrescentou, lembrando que a produção do setor cresceu 7,8% de janeiro a maio deste ano, comparado a igual período de 2003.

Além da persistência de desempenhos positivos nos setores exportadores, Bevilaqua lembrou que os resultados da indústria refletem, hoje, a reação iniciada nos setores mais dependentes da demanda interna. Por isso, os crescimentos mais acentuados nos segmentos de vestuário e acessórios, madeira, perfumaria, produtos de limpeza e beneficiamento de alimentos.

Beviláqua também citou o aumento da oferta de crédito pessoal, com desconto direto do salário, e o financiamento de capital de giro para pequenas empresas, como fatores que contribuíram para regularizar o poder de compra de parte da população e para reduzir a inadimplência no país.

De acordo com a consultoria Equifax, de São Paulo, que trabalha com análises sobre risco de crédito, foram devolvidos 2,747 milhões de cheques em junho. Este número é considerado "muito alto", mas reflete queda de 11,2% em relação aos mais de 3 milhões de cheques devolvidos no mesmo mês de 2003. Houve quedas, ainda, de 9,7% na quantidade de títulos protestados, e de 22,1% no volume de requerimento de falências. O Banco Central deve avaliar esses índices no relatório de Política Monetária e Operação de Crédito do Sistema Financeiro referente a junho, que será divulgado no próximo dia 27.