Brasília - O coordenador do Núcleo de Bioética da Universidade de Brasília e presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, professor Volnei Garrafa, acredita que a decisão do Supremo Tribunal Federal em autorizar o aborto de feto anencefálico (sem cérebro) foi acertada e "veio em boa hora". "O País deve discutir com cuidado esse tema que, no próprio Congresso Nacional é difícil de ser debatido pela divisão clara entre os que são a favor e os que são contrários", disse o especialista numa entrevista ao canal NBr, do Sistema Radiobrás.

Garrafa lembrou da forte oposição dos setores tradicionais da Igreja sobre o tema em toda a América Latina. "As visões religiosas são válidas no ponto de vista de uma sociedade pluralista, mas não é justo que a religião impeça as gestantes que queiram interromper a gravidez por causa da anencefalia", argumenta.

Garrafa sustenta que o procedimento não deve ser considerado aborto, mas interrupção terapêutica da gravidez. "A maioria nem chega a nascer e, dos que nascem, a maioria não sobrevive mais do que um dia", comentou na entrevista.