Brasília, 5/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Ivanilde Prestes, irmã do pecuarista Adilson Prestes, 26 anos, assassinado no sábado (3) na cidade de Novo Progresso, sudoeste do Pará, diz que teme pagar com a própria vida as denúncias que ela e o irmão fizeram sobre os grileiros na região. "A gente não tem segurança, está acuado e não tem pra onde ir", afirma. "Os bandidos estão soltos, sem ninguém fazer nada. A gente já denunciou, já fez tudo, mas ninguém foi preso ainda", diz Ivanilde à Agência Brasil.
Ela acusa grileiros pelo assassinato do irmão, com seis tiros de pistola 9mm disparados por dois homens, na porta da casa dele, por volta de 9h. O motivo da disputa seria a fazenda Sete Quedas, com 3.000 alqueires. O interesse, segundo ela, seria a madeira da mata nativa. "Não sabemos quem são os assassinos, mas quanto aos mandantes, eu posso dar todos os nomes", afirma. "Foi pela grilagem de terra, eles já perderam na Justiça e agora mataram meu irmão", lamenta. "Já ameaçaram que vão executar a família toda", denuncia a trabalhadora rural.
Ivanilde contou ainda que durante o velório do corpo uma caminhonete ficou rondando a área próxima à casa de Adilson. "É um grupo armado que existe na região e vem matando em Castelo dos Sonhos, Moraes de Almeida e Novo Progresso", cidades que ficam a cerca de mil quilômetros de Belém.
O Departamento de Interior da Polícia Civil do Pará enviou um grupo de policiais para retirar a família de Ivanilde da cidade e levá-la a Santarém, mas a trabalhadora rural não pensa em abandonar a casa com o marido e os três filhos. "Eu falei que não saio daqui porque posso ser morta a qualquer momento", enfatiza. "Meu irmão mais novo pode ser morto a qualquer momento".
Ivanilde denuncia ainda que os pistoleiros recebem apoio da Polícia Militar das cidades de Moraes de Almeida e Itaituba, só andam em bando de seis a dez, montados em uma caminhonete, e utilizam armas de 9mm e 12 mm.