Fóssil de dente mostra que doença rara é hereditária

02/07/2004 - 16h33

Brasília, 2/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Um fóssil de um Homo erectus, o precursor do homem moderno, trouxe revelações importantes para um grupo de pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusálem. O exame de um dos dentes encontrado no crânio de uma criança de dois anos mostrou que ela era portadora de amelogênese imperfeita.

Os cientistas, liderados por Uri Zilberman e Patricia Smith, professores de antropologia médica, acreditam terem descoberto o primeiro registro de uma doença transmitida de forma hereditária. O fóssil da criança, datado de 1,5 milhão de anos, foi escavado na Etiópia.

A amelogênese imperfeita é uma doença que afeta principalmente o esmalte dos dentes. Como essa anomalia impede a correta formação das substâncias que protegem a dentição humana, é comum aos portadores terem dentes quebradiços e fracos, o que implica em uma quantidade grande de cáries, por exemplo. Outra característica bastante comum é que os dentes ficam amarelos, uma vez que a dentina fica visível através do esmalte.

Para chegar à descoberta - o artigo completo foi publicado na edição de junho do Journal of Human Evolution - os pesquisadores se utilizaram de raios X e de microscópios eletrônicos de varredura. A amelogênese imperfeita é uma doença considerada rara nos dias atuais. Nos Estados Unidos, por exemplo, a sua taxa de ocorrência é de 1 para 8 mil. Em Israel, a relação é 1 para 14 mil.

Segundo Zilberman, esse é apenas o primeiro registro do início do período pré-histórico de uma doença hereditária em que os genes responsáveis por essa disfunção molecular foram identificados. "Existem várias outras doenças que caminharam até os nossos dias, que também começaram entre os nossos ancestrais pré-históricos. Os registros fósseis dessas outras anomalias estão aí para serem descobertos", disse o pesquisador. (Agência Fapesp)