Comissão do Senado aprova por unanimidade indicado por Lula para dirigir Abin

29/06/2004 - 13h57

Antonio Arrais
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A Comissão de Relações Exteriores e Segurança Nacional do Senado aprovou hoje, pela unanimidade dos seus doze membros, o nome de Mauro Marcelo de Lima e Silva, delegado da Polícia Civil de São Paulo, para o cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A indicação ainda precisa ser votada – em sessão aberta e votação secreta – pelo plenário do Senado.

Durante a sabatina a que foi submetido antes da votação, o delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva disse que o fato de ser amigo de longa data do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o indicou para o cargo, não o fará confundir "a carreira de Estado com a de governo". Ele refutou afirmações da revista "Carta Capital" de que estaria muito ligado às autoridades policiais dos Estados Unidos por ter feito cursos de especialização junto ao FBI, a polícia federal americana. Lima e Silva reconheceu que fez cursos em muitos outros países, mas tinha consciência "de ser principalmente brasileiro".

Lima e Silva disse ainda que espera estreitar ligações da Abin com o Poder Judiciário e o Ministério Público, no sentido de ampliar relações de trabalho. Ele lembrou que uma das atividades da agência – a escuta telefônica – constitucionalmente deve ser feita por autorização judicial e seus resultados encaminhados ao Ministério Público para as providências cabíveis em caso de constatação de crime. Esse trabalho também é feito pela Polícia Federal. O estreitamento dessas relações da agência com o Judiciário e o Ministério Público, segundo ele, serviriam para tornar mais ágeis essas e outras ações, que dependem da autorização judicial.

O indicado para a Abin informou aos senadores que ainda não visitou o órgão, o que somente fará quando for confirmado pelo plenário do Senado e nomeado pelo presidente da República. Mas, ressalvou ele, sua disposição é a de trabalhar com os funcionários de carreira da agência, buscando, na experiência, inclusive de militares, melhores resultados no trabalho de assessoramento direto à Presidência da República. Ele disse ainda que vai procurar antecipar-se aos fatos, "que, jamais, deverão surpreender o presidente da República".