OMS diz que mortes no trânsito podem se transformar em problema de saúde pública

28/06/2004 - 15h17

Gilberto Evangelista
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O trânsito mata cerca de um milhão de pessoas em todo o mundo e fere outras 50 milhões todos os anos. As informações são da Organização Mundial de Saúde. Segundo a OMS, se nada for feito até o ano de 2020, o problema se transformará em uma epidemia e um dos maiores problemas de saúde pública a ser enfrentado. De acordo com o especialista em segurança no trânsito da Universidade de Brasília (UnB), David Duarte, além disso, um novo fenômeno se apresenta para as autoridades brasileiras: o aumento de motociclistas nos grandes centros urbanos.

Essas questões estão sendo discutidas no "Seminário internacional sobre políticas para melhorar a segurança no trânsito na América Latina e Caribe", que está sendo realizado em Brasília até o dia 30. O evento conta com a participação de 40 especialistas de 14 países e é promovido pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e o Ministério das Cidades. Além da troca de experiências, o encontro servirá para discutir propostas destinadas à aplicação das recomendações do Informe Mundial sobre os Traumatismos Causados pelo Trânsito (IMPTCT). Outro objetivo do seminário é contribuir para a elaboração de um Plano Regional de Prevenção de Segurança do Trânsito.

De acordo com David Duarte, o Brasil ainda é um dos países com o trânsito mais violento em todo o mundo. "No país, morrem cerca de 40 mil pessoas por ano e meio milhão de pessoas são feridas em acidentes de trânsito. Destes, 100 mil ficam com lesões irreversíveis", explica. O especialista ressalta que isso acarreta prejuízos diretos e indiretos da ordem de R$ 30 bilhões para os cofres públicos. Ele aponta que a solução para esses problemas está na educação de motoristas e pedestres. "A cada real investido, nós deixamos de gastar cerca de R$ 5,00. É o melhor investimento do mundo", salienta.

O especialista acredita que o aumento de motociclistas nas cidades brasileiras se apresenta como um fenômeno novo e preocupante. Duarte afirma que o Brasil não está aparelhado para enfrentá-lo. "O aumento do número de mortes no trânsito das cidades se deve à má conduta dos motociclistas nas ruas. Em sua maioria, são jovens que trabalham com serviços de entrega rápida e que burlam todas as leis de trânsito e da própria física", explica.

Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) confirmam a preocupação do pesquisador. Há cerca de 15 anos consecutivos, o aumento da produção desse tipo de veículo vem sendo de 10% a 15%. Cerca de 40% dos compradores são jovens de 21 a 30 anos, e 75% compram uma motocicleta com a finalidade de locomoção trabalho/escola e para trabalhar.