Brasília, 28/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - O montante de R$ 7 bilhões, anunciados hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para o financiamento de agricultores familiares e assentados na safra agrícola 2004/2005 agradou às entidades representativas do setor. No entanto, mais do que recursos, os agricultores pediram ao presidente a implantação de um seguro que cubra os prejuízos.
Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Manoel Santos, a agricultura familiar necessita de uma política que dê segurança aos produtores. "É indispensável o apoio de uma política pública para o seguro que garanta o equilíbrio nos momentos de dificuldade, de frustração de safra, e que nos dê mais segurança", disse. Santos também pediu que o governo dê mais atenção ao programa de compra antecipada da produção agrícola familiar que, de acordo com ele, não está funcionando a contento.
O coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul, Altemir Tortelli, disse que a entidade reivindica a implantação do seguro agrícola há 15 anos. "Para a próxima safra, precisamos de um seguro mais consistente que cubra o investimento do agricultor, o que ele financiou, e uma garantia de que não passe necessidades até a safra seguinte", destaca
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, ressaltou que os bancos ainda resistem a conceder financiamentos às famílias assentadas. "Não é mais a ditadura do gerente, que tinha antigamente, que achava que o dinheiro era dele, mas ainda existem dificuldades. O gerente precisa acabar com o preconceito de um assentado de reforma agrária ir lá buscar o recurso", advertiu. Segundo ele, outra preocupação do movimento é com a liberação da produção de transgênicos no país, o que poderia ameaçar a criação de um programa de soberania alimentar.
Hoje, os agricultores familiares contam com um seguro garantia do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária - o Proagro, que cobre apenas os recursos disponibilizados pelo financiamento. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, disse aos produtores familiares que até o final de julho o governo deve anunciar novas regras para o seguro safra da agricultura familiar. A idéia é que, além de cobrir os prejuízos do agricultor, o seguro seja também uma fonte de renda para a família do produtor.
Rossetto informou também que a implantação das novas regras não necessitam de aprovação do Congresso, o que agilizará o processo de efetivação.
