Brasília - Condições de trabalho subumanas levaram mais de mil trabalhadores de um canavial a se insurgir contra a Indústria Vale do Verdão, usina de açúcar e álcool, a maior do ramo no estado de Goiás, localizada no município de Maurilândia. O grupo reclama de péssimas condições de trabalho oferecidas pela empresa, pede a rescisão dos contratos e ameaça tocar fogo na plantação de cana-de-açúcar caso não seja atendido. Procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT), auditores do trabalho e agentes da Polícia Federal estão no local para negociar com os representantes da indústria.
Recrutados na região Nordeste, os trabalhadores encontraram alojamentos sujos e insuficientes, falta de saneamento básico e água potável, comida precária e excesso de rigor no tratamento. A empresa também não fornece equipamentos de proteção individual e desconta atestados médicos dos trabalhadores que adoecem. Há alguns menores envolvidos.
Segundo os procuradores do Trabalho, Marcello Ribeiro Silva e Cirêni Batista Ribeiro Braga, que estão no local e inspecionaram a indústria, as condições são muito ruins. "Um dos alojamentos tem o apelido de 'Carandiru' em função do aspecto, mas policiais que nos acompanham garantem nunca ter visto uma prisão com essas características", dizem. De acordo com eles, os colchões são ruins e insuficientes para todos.
Os responsáveis pela indústria não aceitam o retorno dos trabalhadores para seus estados de origem, alegando que não podem ficar sem eles na época de colheita. O procurador-chefe do MPT em Goiás, Luiz Eduardo Guimarães Bojart, disse que a situação no local ainda é tensa.
As informações são do Ministério Público do Trabalho.