Sonho, nas décadas de 40 e 50, era se tornar artista da Rádio Nacional

25/06/2004 - 18h47

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A história da Rádio Nacional não se confunde apenas com a história política, mas também com o desenvolvimento cultural do país. Com a emissora, surge uma nova "categoria" de artistas, os rádio-atores. Em 1941, estréia a primeira radionovela, "Em busca da felicidade", que durou três anos. Em seguida, veio "O Direito de Nascer", o maior sucesso radiofônico de todos os tempos. A novela muda horários e compromissos dos brasileiros, que não querem perder nenhum capítulo. Posteriormente, a novela é adaptada à televisão.

Em 18 de abril de 1942, são inaugurados os novos estúdios e um auditório no 21º andar do edifício "A Noite", no centro do Rio, onde funciona ainda hoje a Rádio Nacional. Com 486 lugares, o auditório é palco de concursos entre cantores, onde as torcidas jogam amendoim entre si e as meninas gritam por Cauby Peixoto. No auditório se apresentaram cantores como Orlando Silva, Nuno Roland, Aracy de Almeida, Marlene, Zezé Gonzaga, Heleninha Costa, Bidu Reis, Nora Ney, Jorge Goulart, Neuza Maria, Adelaide Chiozzo, entre outros.

Com o sucesso dos programas e concursos de auditório, ser parte do "cast" de artistas da Rádio Nacional é o suficiente para que o cantor consiga sucesso em todo o país. Para acompanhar os artistas durante suas apresentações na Rádio Nacional, é criada, em 1943, a Orquestra Brasileira, sob a regência do maestro Radamés Gnatalli. O "glamour" dos cantores e atores de rádio é tamanho que o maior sonho de muitos jovens é se tornar artista de rádio, como hoje acontece com os atores de TV.

Ainda em 1942, a Rádio Nacional inaugura a primeira emissora de ondas curtas do Brasil e passa a transmitir seus programas não apenas para todo o país, mas para todo o mundo.

Até meados de 50, o Rádio-Teatro Nacional já havia transmitido 861 novelas. Em 1953, a cantora Emilinha Borba é consagrada a "Rainha do Rádio". Em 1954, a TV a cores, inventada em 1940, entra em funcionamento. Na década seguinte, ela seria responsável por um novo modelo de comunicação, que levaria a rádio ao declínio.