Alvaro Bufarah
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – "Aqui não há polícia organizada, não temos exército armado, nem uma administração que funcione", explicou à Agência Brasil o encarregado administrativo da Embaixada brasileira no Iraque, Awni Al Deiri. De acordo com ele, a maioria da população iraquiana quer um regime democrático e pacífico, mas falta esperança no novo governo, que tomará posse em 30 de junho sem a possibilidade de dominar a situação.
Deiri diz que há muitos interesses em jogo capazes de impedir que o Iraque chegue "a um porto seguro". Recentemente, ataques a alvos das forças de ocupação deixaram mais de 90 mortos. Segundo o funcionário da Embaixada brasileira, todos eles foram arquitetados pela resistência iraquiana, que é formada por soldados leais ao regime de Sadan Hussein, agentes do antigo serviço secreto e militares de forças desarticuladas pelos norte-americanos. "O Iraque é um campo de batalha para forças que não querem ver uma democracia instalada no país".
O encarregado administrativo afirma ainda que estes combatentes têm o apoio de outros países. Seriam, segundo ele, países temerosos de que o sistema de governo que será instalado no Iraque possa derrubar regimes autoritários regionais. Além disso, haveriam motivos estratégicos para alguns países vizinhos estimularem a onda de violência e a instabilidade política. Deiri explica que a Turquia não tem interesse de que os curdos conquistem a autonomia no norte do Iraque, assim como os Iranianos, por sua vez, não desejam que os sunitas continuem no poder.