Consumo de drogas no mundo continua proporcional à população

25/06/2004 - 14h15

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O representante no Brasil do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), Giovanni Quaglia, disse que não houve aumento no consumo de drogas ilícitas se for levado em conta o crescimento da população mundial. Segundo o relatório mundial sobre drogas de 2004, divulgado hoje pela UNODC, o número de usuários acima de 15 anos cresceu de 180 milhões para 185 milhões, no último ano.

Quaglia disse que se as ações para a redução do consumo de tabaco e álcool se mostrarem efetivas, a experiência poderá servir de exemplo para o combate às drogas ilícitas. "É muito provável que, em 15 ou 20 anos, esta grande diferença que existe hoje entre as drogas ilícitas e as lícitas possa desaparecer. Por isso que estamos observando com muito cuidado os progressos que se estão fazendo em relação às drogas lícitas", disse Quaglia.

Na Holanda, onde a venda e o consumo de maconha é legalizado, o consumo desta droga é menor do que em outros países da Europa. De acordo com o relatório, 6,1% dos holandeses consomem maconha, contra 9,7% dos espanhóis e 10,6% dos ingleses. O consumo de cocaína e de anfetaminas também é mais baixo na Holanda. Quaglia lembrou que o governo holandês possui um forte programa de apoio e tratamento aos usuários e que as políticas são construídas com participação social.

A produção de drogas, de maneira geral, sofreu redução. O maior produtor de cocaína, a Colômbia (responsável por 56% da produção mundial), teve queda de 16% na produção, em 2003. A produção mundial de cocaína caiu 11%, o menor nível desde 1989. A droga é consumida por 0,34% da população mundial acima de 15 anos.

A produção de ópio teve aumento de 6%, em 2003, em relação a 2002. Mas o total produzido no ano passado é 17% menor do que 1999, o auge da produção. Já as anfetaminas, consumida por 0,73% da população, tem uma produção estimada pela UNODC de mais de 500 toneladas por ano. Cerca de 20% dessa produção é de Ecstasy.

A Europa é a maior produtora de ecstasy no mundo e praticamente a única fornecedora dos comprimidos e de outras anfetaminas para o Brasil. O maiores produtores de anfetaminas estão no sudeste da Ásia (incluindo Mianmar, China e Filipinas) e América do Norte (Estados Unidos e México).