Juliana Cézar
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresentou, nesta sexta-feira, uma carta que será entregue, nos próximos dias, a todos os senadores. No documento, a CNBB reafirma sua posição contrária à utilização de embriões humanos para a retirada de células-tronco. De acordo com os cientistas, no corpo humano, essas células são capazes de se transformar em diferentes tipos de células e tecidos, reconstituindo até músculos, como o cardíaco.
"Não somo contrários à ciência, mas somos favoráveis à vida. A junção do espermatozóide com o óvulo caracteriza o início da vida, que é um fim em si mesma, não pode ser instrumentalizada", defende o secretário-geral da CNBB, Dom Odilo Pedro Scherer. Segundo ele, a carta preparada para os senadores foi discutida em três reuniões com 41 representantes do episcopado brasileiro. "Provavelmente, os bispos irão entregar a carta na mão dos senadores de seus próprios estados."
A mobilização da CNBB acontece às vésperas da possível votação, no Senado Federal, da Lei de Biossegurança. Além dos transgênicos, ela trata da clonagem terapêutica, ou seja, a produção de embriões para retirada de células-tronco que possam ajudar no tratamento de doenças degenerativas como o mal de Alzheimer.
"Pedimos que os parlamentares não tenham pressa em avaliar a questão. Os estudos não estão tão adiantados para que se façam leis", acredita o presidente da CNBB, o cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo.
Na carta preparada para os senadores, os bispos defendem o "uso responsável" das células-tronco. Eles são favoráveis à retirada desse tipo de célula apenas do cordão umbilical, medula óssea ou outras partes do corpo onde elas estejam acumuladas.
No documento, a CNBB condena a exposição, na mídia, de portadores de necessidades especiais como forma de defender a biotecnologia. Para a entidade, a terapia gênica não pode ser vista como a única forma de sanar todos os males do mundo.
"A vida saudável não se reduz aos genes nem aos organismos, mas remete a relações sociais, econômicas, políticas, afetivas e espirituais. Há pessoas e grupos que mais parecem vendedores de ilusão de vida fácil do que preocupados com a saúde e vida de todos", acusa a carta.