Brasília, 23/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - A telefonia fixa deve ser repensada no país para que a universalização e a evolução do serviço não sejam prejudicadas no futuro. A avaliação faz parte de estudo encomendado pela Associação Brasileira de Prestadoras de Serviço Telefônico Fixo Comutado (Abrafix), que reúne as empresas Telemar, Brasil Telecom, Telefônica, CTBC e Sercomtel. No Brasil havia 39,4 milhões de telefones fixos em funcionamento em março deste ano.
O estudo compara a evolução da telefonia fixa brasileira, entre 2000 e 2002, com a de outros 13 países divididos em mercados emergentes (África do Sul, Argentina, México, Venezuela) e mercados maduros (Austrália, Alemanha, Canadá, Coréia, Espanha, França, Itália, Portugal e Reino Unido).
Segundo o levantamento, a competição entre as empresas de telefonia fixa, concentrada na clientela dos grandes centros urbanos, e a expansão da telefonia móvel são fatores que agravam a manutenção do serviço.
"Essa situação poderá levar à obsolescência e, até mesmo, à deterioração da infra-estrutura da telefonia fixa, colocando em risco os objetivos de universalização", conclui a pesquisa.
Segundo o dono de umas das consultorias que elaborou o estudo e ex-presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Renato Guerreiro, algumas situações que as concessionárias enfrentam haviam sido previstas na época da privatização do sistema Telebrás, mas outras não eram esperadas pelo setor, como a queda significativa da renda do consumidor.
De acordo com o estudo, de 2000 a 2002 o Brasil apresentou a segunda menor renda per capita em relação aos outros países avaliados, o equivalente a US$ 2,6 mil.
A pesquisa encomendada pela Abrafix revelou que a rentabilidade dos investimentos feitos pelas teles brasileiras, no período analisado, foi negativa em 11,96%, enquanto a média entre os países emergentes foi negativa em 0,46%.
Segundo a análise, as concessionárias investiram mais de 37% de sua receita líquida no setor. O volume foi maior do que o aplicado pelos países com mercados de telefonia fixa consolidados. A média desses países atingiu 21,03%.
Apesar do cenário pouco otimista apresentado no estudo, o ex-presidente da Anatel Renato Guerreiro acredita que a telefonia fixa é um bom negócio, mas deve ser avaliado a longo prazo. "Caso não se faça nada, nós temos uma ameaça pela frente", destaca.