Iolando Lourenço e Marcos Chagas
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Depois de perder a votação do salário mínimo no Senado, o governo reafirmou hoje sua maioria parlamentar na Câmara dos Deputados ao garantir, numa segunda votação, o valor de R$ 260 estabelecidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na primeira votação, em 2 de junho, a base governista rejeitou o substitutivo do deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), que previa um reajuste para R$ 275, por 266 votos, contra 167 e 6 abstenções. Na votação de hoje, véspera das festas juninas, a decisão do Senado pelos R$ 275 foi derrubada por 272 votos, contra 172 e quatro abstenções.
Ao contrário da primeira votação, quando foi intenso o corpo-a-corpo de ministros para garantir a manutenção do texto original da medida provisória, desta vez foi realizada na última segunda-feira uma reunião com 11 ministros, líderes e vice-líderes governistas na residência do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). Hoje, só o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira (PMDB), acompanhou pessoalmente o processo de votação.
O PT, maior bancada na Câmara, com 89 deputados, deu um voto a mais para o governo. No dia 2, 73 petistas cumpriram a determinação partidária de fechar questão em favor dos R$ 260. Na votação desta tarde, 74 se alinharam ao governo. No entanto, ampliou-se também o número de deputados do PT que votaram contra a MP. Além de João Alfredo (CE), Chico Alencar (RJ), Dra. Clair (PR), Ivan Valente (SP) e Walter Pinheiro (BA), que já tinham votado contra o governo, Orlando Fantazzini (SP), Maninha (DF), Paulo Rubem (PE) e Mauro Passos (SC) acompanharam os R$ 275 propostos pelo Senado.
O PMDB, segunda maior bancada com 77 deputados, reduziu sua dissidência. Na primeira votação 39 parlamentares votaram com o governo, 32 contra e 7 não compareceram. Hoje, 41 peemedebistas acompanharam a orientação do governo, 23 mantiveram-se favoráveis aos R$ 275 e 13 se ausentaram.
No PFL já é dada como certa a expulsão do deputado Lael Varela (MG) que descumpriu o fechamento de questão pelos R$ 275 decidido pela Executiva Nacional nas duas votações. O caso do parlamentar, bem como do deputado Kleuber Carneiro (MG) será julgado amanhã pela executiva pefelista. Carneiro não compareceu na votação de hoje. Os pefelistas terão que enquadrar, também, o maranhense Clóvis Fecury, que votou contra a orientação do partido. "Ele é reincidente, e na minha opinião, deve ir para a rua o mais rápido possível", afirmou o líder pefelista, José Carlos Aleluia (BA).
O parlamentar mineiro afirmou que deve ir para o PMDB. Quanto aos outros dois pefelistas, caberá a Executiva Nacional decidir a punição. Da bancada de 63, 51 votaram para manter a decisão do Senado, 9 não compareceram e 1 se absteve.
O PP, com uma bancada de 54 deputados, deu 32 votos ao governo, 13 contrários e 9 não votaram. Já o PSDB, dos 52 deputados, 41 votaram pela manutenção dos R$ 275, dois contrários e 9 não compareceram. O PTB, aliado do governo, deu 44 votos pelos R$ 260, 6 contrários e 2 não votaram, dos 52 parlamentares que integram a bancada.
O PL, do vice-presidente José Alencar, votou quase fechado pela preservação da MP do governo. Dos 44 parlamentares, 40 votaram pelos R$ 260, 2 contra e 2 não votaram. O PPS, do ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), rachou. Dos 22 deputados, 11 acompanharam a orientação do governo, 10 foram contrários e 1 não compareceu.
O PCdoB, que tem dois ministérios - Esportes e Coordenação Política -, deu ao governo 5 dos 9 votos de sua bancada. Jandira Feghali (RJ) e Sérgio Miranda (MG) votaram pela manutenção dos R$ 275 e outros dois não compareceram à votação.