Professora desenvolve projetos para reduzir desperdício de água

21/06/2004 - 19h12

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Brasil possui 13% de toda água doce do planeta e desperdiça 46% do que utiliza. "Água suficiente para abastecer toda a França, Suíça, Bélgica, Holanda e o norte da Itália", ressalta o teólogo e filósofo Leonardo Boff. Segundo ele, para produzir um quilo de carne bovina são gastos 15 mil litros de água e para um quilo de vegetais, 1.300 litros.

Para diminuir o desperdício de água, a professora de Arquitetura da Universidade de Brasília, Maria Assunção Rodrigues, vem trabalhando, juntamente com outros paisagistas, em projetos de casas que reutilizam a água consumida. Uma forma simples é aproveitar a chuva. Para isso, é preciso construir calhas no telhado. A água deve ser armazenada em reservatórios fechados. "A primeira água que cai vai lavar o telhado e não deve ser aproveitada, mas o restante serve para tudo, até para beber", explica a professora.

Outro passo é observar a vegetação local na hora de plantar os jardins. Quando se usa outras espécies, se introduz vegetações que têm outras necessidades de água por não estarem adaptadas ao clima da cidade. Assim, "elas têm necessidades de mais água", ressalta Assunção.

É possível ainda aproveitar a água usada nas pias e chuveiros. "A água dos vasos vai para as fossas e estações de tratamento, mas o restante pode ser filtrado, só tem sabão", esclarece. O consumidor deve utilizar sabão biodegradável e ter uma caixa de gordura e uma de areia para filtrar a água que pode ser usada, por exemplo, para irrigar uma horta ou um jardim. "As pessoas ainda têm certa resistência porque o investimento é um pouco maior", ressalta a professora.

Apenas 3% da água existente no planeta são potáveis. Desse valor, somente 0,7% está acessível. A maior parte da água utilizada, quase 70%, vai para a agroindústria, 20% para as indústrias e apenas 10% são utilizados nas casas. Porém, o desperdício maior não é na agricultura, mas sim nas áreas urbanas já que as construções e vias impermeabilizam o solo. "Estamos buscando alternativas para não sofrer tão rapidamente com a falta d’água", afirma Maria Assunção.