Rio, 21/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - Os fundos de pensão, que hoje têm a maioria dos investimentos em títulos públicos, vão passar a aplicar em projetos do setor produtivo. O primeiro investimento será na área de infra-estrutura com a criação do Fundo de Energia, estruturado pelo BNDES junto com os Fundos, entre eles Petros (Fundação Petrobrás de Seguridade Social), Previ( Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco deo Brasil ) e Funcef ( Fundação dos Economiários Federais- CEF).
A informação foi dada pelo presidente da Petros, Wagner Pinheiro. " É uma visão de direcionar os investimentos para o setor produtivo, saindo de títulos federais que foram o foco dos investimentos nos últimos anos, porque a taxa de juros real básica do governo estava muito elevada .", explicou.
Pinheiro explicou que o governo já vem negociando títulos de longo prazo com taxas de juros reais menores, o que leva os fundos de pensão a procurar investimentos mais rentáveis: "Um título para 2024, ou seja de longo prazo, o governo hoje já paga 8,5% além da inflação, o que demonstra uma queda consistente e uma visão do mercado financeiro de que as taxas de juros reais da economia estão caindo e o governo já paga taxas de juros reais menores. Portanto, temos que buscar investimentos que nos rentabilizem a uma taxa de juros maior."
O gestor do Fundo de Energia, segundo Pinheiro, será anunciado no dia 2 de julho e o Fundo começará a operar em agosto, inicialmente com investimentos de R$ 600 milhões, mas com autorização de poder chegar a R$ 1 bilhão e 200 milhões. Os investimentos serão feitos em projetos de energia renovável como biomassa e eólica e financiamentos de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
Para o Presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, o Fundo de Energia vai ser um marco para o setor no Brasil. "O BNDES tem um grupo grande de PCHs de energia eólica e de biomassa importantes para o Brasil. Se eu não me engano, de 3 milhões e 300 mil megawatts . Acho que tem tudo para dar certo e vai ser um divisor de águias É possível que a partir daí surjam outros, porque há garantia da compra de energia", justificou.
Lacerda explicou que o risco é pequeno e com definições dos projetos de acordo com os critérios do Programa de Energia Renovável (Proinfa), do ministério de Minas e Energia . "É uma parceroa muito discutida pelo BNDES e pelos Fundos de Pensão e vai ter o benefício da análise prévia por parte do Banco, " concluiu.
O presidente da Petros disse que esses investimentos não excluem a possibilidade de outras aplicações no setor de energia: "Nós olhamos também a possibilidade de participação nos investimentos tanto de transmissão de energia como de geração de grandes hidrelétricas. Nós até chegamos a avaliar junto com o BNDES debêntures para participar do financiamento de Tucuruí, mas o lançamento de debêntures andou mais devagar e acabamos avançando mais nas discussões do Fundo de Energia".
Segundo Wagner Pinheiro , a Petros e a Funcef vão aplicar, de início, cada uma, o correspondente a 20 % do total de R$ 600 milhões e Previ só vai definir o valor depois da aprovação , pelo Conselho Minetáqrio Nacional, do plano de reenquadramento da Caixa de Previdência. " Aprovado o plano é provável que ela possa participar com 5%", disse. A participação de outros Fundos também deverá ficar em 5%.