Brasília, 21/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - Representantes do Canadá e de países europeus estão apresentando ao Brasil seus programas de combate à droga. A experiência internacional vai servir para orientar mudanças na política brasileira antidrogas, que vai ser reformulada em novembro.
"É um ponto de partida extremamente importante para, quando fizermos a nossa reavaliação podermos contar com a experiência desses países, para não termos que passar pelas mesmas experiências que eles já passaram", disse o ministro Jorge Armando Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e presidente do Conselho Nacional Antidrogas.
O representante do governo português, Fernando Negrão, afirmou que é preciso olhar para o problema das drogas cada vez mais sob o ponto de vista da saúde. "Em Portugal, a maior parte dos jovens que experimentaram e conseguiram deixar as drogas, a principal razão foi porque pensaram na sua saúde. Portanto, é fundamental a ligação dos consumidores de drogas à saúde, sem descuidar, evidentemente, da repressão, e - não podemos ter medo do termo - do tráfico de drogas".
Negrão disse que o Brasil está atrasado no combate às drogas devido aos graves problemas sociais. "No que diz respeito à organização e à estrutura política, eu diria que não há grandes diferenças entre aquilo que se quer fazer no Brasil e aquilo que já se faz na Europa", acrescentou Fernando Negrão.
Segundo pesquisa feita nas 107 maiores cidades do país, o consumo de drogas é pequeno, se comparado ao de países como os Estados Unidos. Cerca de 17% dos entrevistados, no Brasil, já fizeram uso de alguma droga ilícita, contra 34% nos Estados Unidos.
O secretário nacional Antidrogas, Paulo Roberto Uchoa, lembrou que a política nacional referente a esse assunto é recente. Segundo ele, até 1998, o país não se preocupava de forma sistemática com o problema, por considerar que o Brasil era apenas passagem do tráfico de drogas.
"Nos seus pressupostos básicos, a nossa política é humanística, na medida em que reconhece a diferença entre usuário e traficante. Em absoluto, a sociedade brasileira não aceita mais isso. A própria política já reconhece e define isso", afirmou Uchoa. "A nossa política é também realista ao priorizar a prevenção, por considerá-la a intervenção mais eficaz e de menor custo para a sociedade", acrescentou.
A rediscussão da política nacional será feita a partir de fóruns regionais, nos próximos meses, que servirão de subsídios para o fórum nacional, em novembro. "A política antidrogas está completando três anos. Nós nos preocupamos, mesmo com a mudança de governo, que não houvesse nenhuma modificação, até que essa política tivesse sido testada e os resultados começassem a aparecer, como realmente está acontecendo. Nós achamos que é o momento de fazer uma reavaliação", concluiu o ministro Jorge Armando Félix.