Caio D'Arcanchy
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Uma pesquisa divulgada pela Universidade de São Paulo (USP) revelou que o tratamento da aids no país atinge 73% dos pacientes. Esse dado, segundo a pesquisa, indica que a política de saúde do governo federal para a aids está no caminho certo. O diretor-adjunto do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids), Roberto Brant, disse hoje, em entrevista à NBr, o canal de TV a cabo da Radiobrás, que o Ministério da Saúde tem se empenhado para fazer com que as pessoas infectadas pelo vírus HIV saibam do seu estado sorológico o quanto antes. Segundo ele, quanto mais precocemente houver um diagnóstico, mais chances o paciente terá de controlar a doença.
A pesquisa buscou identificar ainda os motivos que levam a pessoa a não aderir ao tratamento. Foram levantados três pontos principais: o nível de escolaridade, a qualidade do serviço público de saúde e a complexidade do tratamento. O estudo identificou que quanto menor for a escolaridade, menor é a adesão. Sobre a qualidade do serviço público de saúde, quanto menos houver agentes de saúde atuando no município, menor será o número de adesões ao tratamento. Com relação à complexidade, na medida em que o quadro da doença for mais avançado, mais dificuldade o paciente terá para se tratar. Num tratamento inicial, ele necessita tomar três compridos duas vezes ao dia, enquanto num tratamento mais avançado são aproximadamente 20 comprimidos, o que acaba confundindo a pessoa.
Brant explicou que o objetivo principal do programa continua sendo a prevenção. Ele disse que alguns segmentos da sociedade, especialmente os jovens, se convenceram de que não há mais problemas em contrair a aids porque o "tratamento é gratuito". Brant afirmou que é preciso que a sociedade civil se mobilize para reverter esse problema. Ele citou a sétima edição da Parada do Orgulho Gay de Brasília, realizada no último fim de semana, que levou mensagens de prevenção da aids e distribuiu preservativos entre os participantes. "Precisamos não só das organizações não governamentais (ongs), mas também da iniciativa privada, do sistema "S" (Sesi, Sesc, Senai e Senar), dos órgãos de governo, para levar a mensagem de prevenção até os serviços de saúde mais próximos da comunidade, no interior", acrescentou.
Apesar dos problemas, o programa de prevenção brasileiro tem obtido resultados interessantes, como a redução e a eliminação, em alguns casos, da transmissão vertical – de mãe para filho. De acordo com Brant, vários municípios brasileiros têm eliminado de suas estatísticas esse tipo de contaminação. A maneira de impedir que o feto seja contaminado com o vírus da aids pela mãe HIV positiva é fazer o acompanhamento médico rigoroso durante todo o período de gestação.
Donizete do Nascimento é portador do HIV há oito anos e teve uma filha com outra portadora do vírus. A menina, hoje com cinco anos, é soro-negativa. "Quando fui morar numa instituição para o tratamento da doença, conheci uma menina também portadora. Na época em que nos conhecemos, os dois estavámos fazendo tratamento corretamente. Minha filha nasceu "negativo" e continua sendo "negativo". Tenho esperança de um dia me tornar soro-negativo. Ainda acredito na cura", afirmou.