Brasília, 16/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - Desde muito pequena Elizete Silva teve que cuidar de sete irmãos menores, além de ajudar a mãe nos afazeres de casa. O trabalho não lhe prejudicou nos estudos, mas ela não teve tempo para mais nada. Hoje, Elizete tem 50 anos , é dona-de-casa, chegou a completar o segundo grau e é mãe de oito filho. Ela acha que se tivesse tido tempo para bricar poderia ter sido mais feliz. Estudo divulgado hoje pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), confirma a história de Elizete e comprova que o trabalho doméstico é um dos mais praticados pela crianças brasileiras.

O consultor da OIT, Federico Marcon, explicou que não existe uma definição mundial do que é trabalho infantil doméstico, o que é usado no Brasil é o conceito de que o trabalho em casa não pode prejudicar a escola, o lazer e nem a socialização. "A OIT não tem uma posição radical: a criança não tem que fazer nada em casa. O que a OIT recomenda é que a criança não pode ser prejudicada pelo trabalo infantil", disse.

Além do trabalho doméstico, existem mais outras modalidades identificadas no estudo da OIT que preocupam: trabalho agrícola, a exploração sexual infantil e o uso no tráfico de drogas. Para Marcon, estas são as formas de trabalho infantil mais difíces de serem combatidas porque são praticas ilícitas e de complicada investigação. "Para um fiscal do trabalho é fácil investigar em uma fábrica se há ou não trabalho infantil, mas como ela vai entrar nas casas das pessoas para saber se há exploração?".

Segundo o estudo da OIT, hoje mais de três milhões de crianças e adolescentes trabalham no Brasil. Este estudo demonstrou que houve uma queda, nos últimos dez anos, de cerca de 40% no número de meninos e meninas no mercado de trabalho. Em 1992, as estatísticas apontavam 5,4 milhões de crianças e adolescentes estavam trabalhando. Mas para Marcon, o governo brasileiro tem com isso intensificar as ações de combate ao trabalho infantil.

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MM