André Deak
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – "Se esta tecnologia (os transgênicos) representa concentração econômica de qualquer forma, é preocupante. Não desejamos uma concentração produtiva no campo", afirmou hoje o ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rosseto, durante sua participação no Fórum da Sociedade Civil, que ocorre paralelamente à Conferência das Nações Unidas pelo Comércio e Desenvolvimento, em São Paulo.
Rosseto defendeu que sementes alteradas pela tecnologia não podem ser utilizadas apenas por alguns grupos, causando aumento das distâncias entre o produtor familiar e as grandes empresas. Sobre as incertezas que ainda pairam a respeito das conseqüências em seres humanos que consomem sementes geneticamente modificadas, o ministro afirmou que "sustentar o direito à precaução é fundamental, assim como pesquisas que respeitem a sociedade".
Críticas e elogios
No seminário em que esteve presente hoje, Miguel Rosseto recebeu críticas e elogios. Os últimos, por conta do projeto federal em que parte da compra de produtos alimentícios deve, obrigatoriamente, ser feita apenas através da agricultura familiar. O objetivo é "estimular a produção em comunidades mais pobres através da aquisição de seus produtos", afirmou Rosseto.
As críticas vieram principalmente na figura de Raquel Souza, representante da Rede Brasileira de Integração dos Povos, a Rebrip. De acordo com ela, "a soja tem tido um ipacto sério: invadiram o cerrado, que é um sistema frágil, além de ser um produto que leva o desenvolvimento agrário a atender apenas o mercado mundial".
"Uma das características da agricultura familiar é produzir para o mercado interno, mas agora estão produzindo para exportação. Onde está o conceito de soberania alimentar?", perguntou. A Soberania Alimentar pode ser compreendida como o direito que os povos têm a definir suas próprias políticas agrícolas e alimentares sem dumping de outros países.