Brasília, 16/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - Governo da China concedeu, agora à noite, o visto para que uma missão brasileira vá àquele país discutir as causas que resultaram na recusa chinesa de seis cargas de soja. O grupo, chefiado por Maçao Tadano, secretário de Defesa Agropecuária do ministério da Agricultura, terá ainda Odilson Ribeiro, chefe da Divisão de Acordos Sanitários Internacionais do ministério e empresários do setor no Rio grande do Sul.
O objetivo da viagem será explicar as medidas adotadas para evitar a venda do produto contaminado. Maçao Tadano e sua equipe vão levar e detalhar a Instrução Normativa nº 15, editada na semana passada, definindo os índices de tolerância de impurezas e contaminação da soja.
A nova regra, apontada como uma das mais rigorosas do mundo admite, por exemplo, a mistura de apenas uma semente tratada por quilo de grão sadio de soja. Os brasileiros também levam a sugestão do ministro Roberto Rodrigues de que os chineses sejam menos rigorosos na exigência da tolerância zero e que mantenham fiscais no Brasil para acompanhar as análises e certificações da soja, antes do embarque.
Este sistema funciona com os russo e os Estados Unidos. Os primeiros fazem vistoria direta nas exportações de carnes e os americanos de manga. Já o Brasil mantém acordo semelhante com a Argentina, onde é feita a certificação direta de pêras e maçãs.
Amanhã, governo e iniciativa privada se reunem às 14h30 no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) para discutir a crise gerada pelas recusas da China à soja. O encontro deve ser coordenado pelo ministro Roberto Rodrigues. Enquanto isso, o ministério demonstra interesse em solucionar o problema de destinação do produto, que soma 359 mil toneladas embargadas e, embora não aceito pela China, já pertence aos importadores chineses.
Hoje, em São Paulo, Marcelo Furtado, coordenador de Políticas Públicas para a América Latina e Caribe, do Greenpeace, manifestou a preocupação de que os carregamentos rechaçados por estarem contaminados com os fungicidas Carboxin e Captan sejam destinados aos países pobres, como forma de evitar prejuízos financeiros aos importadores e exportadores.
No Mapa a posição é de ajudar na solução do problema de destinação das cargas. Para isto existem duas possibilidades: o Brasil concede novo certificado fito sanitário nos portos (Rio Grande/RS e Santos/SP) onde a soja foi embarcada, ou uma missão de técnicos viaja para a China para fazer nova vistoria e certificação do produto. Nesta hipótese, todas as despesas com a viagem dos fiscais do Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal do Mapa correriam por conta dos importadores chineses.