Diretor do ISI diz que Brasil não aproveita potencial de liderança na tecnologia da informação

16/06/2004 - 14h54

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O uso das tecnologias da informação e da comunicação (TICs) para o crescimento econômico é um dos principais temas em debate no quarto dia da 11ª reunião da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad XI), em São Paulo. O diretor-geral do Instituto Sociedade da Informação (ISI), Tadao Takahashi, participou da discussão na manhã desta quarta-feira. Membro da Força Tarefa das Nações Unidas sobre Tecnologias da Informação e Comunicação para o Desenvolvimento, ele acredita que o Brasil não aproveita o potencial de liderança nesse setor.

"Esse debate na Unctad deve ser aproveitado pelo Brasil para encontrar o caminho, finalizar a organização interna e liderar o setor na região", sugeriu Takahashi, coordenador da Força Tarefa na América Latina e Caribe. Segundo ele, o país ainda ocupa uma posição marginal em áreas como comércio eletrônico. "Enquanto exportamos US$ 200 milhões, a Índia exporta US$ 10 bilhões. A diferença é muito grande e precisa ser recuperada", disse.

O vice-presidente da Consultoria Ibero-americana Tata, Mario Tucci, apresentou um estudo que aponta problemas no setor de fabricação de softwares no Brasil. "Cerca de 40% dos softwares que saem pela primeira vez de uma fábrica no Brasil volta a essa fábrica para revisão. Tratam-se de softwares desenvolvidos, e não vendidos em pacotes. Isso demonstra, claramente, a necessidade de implementar processos e metodologias de qualidade".

Tadao Takahashi disse desconhecer o estudo citado pelo consultor, mas reconheceu que grande parte dos sistemas brasileiros na área de informática necessita de atualização. Segundo ele, existem no país somente ilhas de excelência em software.

O diretor-geral do ISI apontou problemas também nas políticas de promoção de acesso à rede mundial de computadores. "O Fundo de Universalização dos Serviços e Telecomunicações (FUST) possui US$ 1 bilhão", calcula Takahashi. "Essa não é uma cifra de país subdesenvolvido. Não falta recurso, mas decisão política."