Cartilha vai ajudar a combater contaminação de alimentos

16/06/2004 - 11h46

Brasília, 16/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - Preocupados em diminuir os casos de intoxicação alimentar e melhorar a aceitação dos produtos brasileiros no mercado externo, os parceiros do programa Alimento Seguro-PAS, junto com o ministério da Agricultura e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estão desenvolvendo uma cartilha e uma campanha para orientar o produtor desde o plantio, colheita, armazenamento e transporte da produção, prevenindo assim a contaminação dos alimentos.

O PAS é mantido pelo governo federal há dois anos e trata da contaminação não apenas como um problema biológico, mas da própria biodiversidade. As contaminações em alimentos ocorrem desde o plantio até a mesa. O primeiro perigo de contágio é o químico, causado por agrotóxicos; depois, o perigo biológico, que vem de fungos, toxinas, salmonelas e bactérias de forma geral. E há ainda o perigo físico, causado por corpo estranho. Como por exemplo, pedras em farinha, feijão ou arroz.

Segundo o pesquisador Adonso Celso Candeia, da Embrapa, uma das parceiras do Governo nesse programa, nos últimos 13 anos o Brasil avançou na produção e nas exportações, mas ainda precisa evoluir na qualidade, comno o uso de forma responsável e segura os agrotóxicos.

"A grande prioridade do programa nesse momento é garantir a qualidade dos produtos que chegam in natura na mesa do consumidor, como por exemplo, alface, tomate, uva maçã, cenoura, morangos", informa Candeira. Esses alimentos retêm um alto teor de agrotóxicos e ainda se contaminam com facilidade na hora do manuseio durante a colheita e o transporte.

Candeia diz que há algum tempo a qualidade do acarajé baiano estava reprovada porque foi verificado alto teor de coliformes fecais nos bolinhos. Mas depois que as baianas aderiram ao programa de Alimento Seguro, elas passaram a exigir do fornecedor de camarão melhor qualidade, porque foi comprovado que a contaminação, na grande maioria das vezes, vinha do camarão. "Hoje, o acarajé baiano leva selo dez", elogia ele.

Candeia afirma ainda que, além das barreiras tarifárias, o Brasil vem sofrendo a não-tarifária, que diz respeito à qualidade de nossos produtos. "Nos últimos dois anos temos recebido missões da Europa, ou seja, o ‘Procon de lá’, para saber o que está acontecendo com as nossas castanhas. Porque as castanhas brasileiras como a do Pará, tem chegado nos países europeus com 300% de PPB- (parte por bilhão), de toxinas produzidas por fungos, enquanto que o aceitável é de apenas 4% PPB", revela ele.

O pesquisador explica que o amendoim é o produto que mais apresenta essa toxina, seguido do café. Mas ele reclama que a nossa pimenta do reino tem apresentado alto teor de contaminação por coliformes fecais. Isso porque falta cuidado do produtor na hora da secagem dos grãos.