André Deak
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Quase metade das 500 maiores empresas da Europa pretendem levar para o exterior serviços antes prestados em seu próprio território, inclusive para países como o Brasil e o México. Apesar de a maior parte das empresas se instalar na Europa e os maiores volumes de emprego seguirem para a Ásia, em especial para a Índia, a América Latina também deve receber esse tipo de terceirização. As informações são de um relatório produzido pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) em conjunto com a empresa de consultoria Roland Berger, e foi citado em um simpósio sobre investimentos estrangeiros que ocorreu hoje em São Paulo, como parte da 11ª Unctad.
De acordo com o representante indiano presente no simpósio, "para cada dólar investido em empresas terceirizadas no exterior, 58 centavos são economizados (se a empresa fizesse o mesmo serviço em seu país de origem). Em relação ao lucro produzido, de cada US$ 1,45, 66% desse valor volta para o país de origem, ou seja, US$ 1,12".
O embaixador e secretário-geral da Unctad, Rubens Ricupero, que esteve no encontro representado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que "a entrada dos investimentos estrangeiros nos países não estão mais em discussão. A política para esses investimentos é que devem ser de qualidade. A questão é como podemos tirar benefícios desses investimentos."
O primeiro motivo levantado pelos empresários europeus para levar serviços para outros países foi "redução de custos trabalhistas". O segundo motivo foi "redução de outros custos", seguido por "melhora na qualidade". Entre os motivos decisivos para escolher o país que receberá essas empresas, estão principalmente os custos, a habilidade dos trabalhadores locais e o fuso-horário, mas também são levados em consideração fatores mais subjetivos como o sucesso dos concorrentes com experiências naquele local, a situação política do país e o lobby produzido a favor daquela região.
O secretário-geral do Comitê Conselheiro dos Sindicatos, John Evans, advertiu que "não há como defender o aumento de trabalho em um país e desencorajar em outro. A nossa maior preocupação é que esta estratégia de investimento seja usada para controlar os trabalhadores. Precisamos de sindicatos fortes nesse momento", finalizou.