Ativistas marcham em protesto contra livre comércio e se dividem quanto à Unctad

14/06/2004 - 13h15

Pedro Malavolta
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Pouco mais de mil pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram na manhã desta segunda-feira de manifestação contra o livre comércio, nas ruas próximas ao centro de convenções do Anhembi, onde acontece até a próxima sexta-feira (18) a Unctad XI, 11a reunião da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento. "Livre comércio para as grandes potencias é liberdade, para nós é a total exploração e destruição dos direitos e ferramentas da soberânia dos países pobres", afirma o panfleto de convocação do ato.

O ato foi convocado pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e a Campanha contra a Alca, entidades que reúnem sindicatos e movimentos sociais. O Fórum da Sociedade Civil, evento paralelo à Unctad XI, apoiou a manifestação.

Segundo Iara Pietricovsky, da Rebrip (Rede Brasileira para a Interação dos Povos), uma das os trabalhos do fórum da sociedade civil, "o livre comércio produz exclusão social e aprofunda a desigualdade entre as nações. Nós não queremos viver na exclusão. Nós queremos que o povo de todo o planeta tenha qualidade e dignidade de vida".

O manifestantes protestavam também contra a ALCA, o OMC e o FMI. A polêmica entre eles era a posição em relação à Unctad. Alguns eram contra, outros achavam que era necessário fortalecê-la.

Pietricovsky está entre as que defendem. "Dentro do marco das democracias liberais e do capitalismo, a Unctad é uma instituição que produz a crítica. Ela é importante para os paises pobres, ajudando-os a se defenderem."

Julia Di Giovanni, da organização feminista da Marcha Mundial de Mulheres, já não acredita na Unctad como alternativa para resolver os problemas da exclusão. "Nós somos contra a política neoliberal, mas a chamada política desenvolvimentista defendida pela Unctad também guarda uma série de contradições". Segundo Di Giovanni, a Unctad tem as mesmas propostas de desenvolvimento que a OMC, em que a economia dos países pobres deve se basear na exportação, que não resolve a desigualde social dentro dos países.

Pouco depois das oito horas da manhã, os manifestantes começaram a se concentrar próximo à estação de metrô Armênia, a mais próxima do Anhembi. Com os termômetros marcando 13 graus Celsius, o ato terminou em frente da barreira policial, a 300 metros da entrada lateral da Unctad.
Segundo a organização, 1.500 pessoas participaram do ato.