Ativista escolhida para ler carta da sociedade civil mundial à Unctad é líder comunitária paraense

14/06/2004 - 18h19

Eduardo Mamcasz
Da Rádio Nacional da Amazônia

São Paulo – A pessoa escolhida para ler, formalmente, a declaração do Forum da Sociedade Civil no plenário da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento, hoje, nesta capital, é uma líder comunitária de Altamira, no Pará, onde coordena o Movimento pelo Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu, que faz parte do Movimento Viver, Produzir e Preservar. Ela se chama Antônia Mello.

Durante as reuniões no Forum da Sociedade Civil, Antônia Mello se fez conhecer pelo discurso a favor de que "as questões locais e básicas, onde moram as mulheres" sejam levadas em conta em decisões importantes como sobre grandes obra de infra-estrutura.

A maior luta de Antônia Mello é contra a construção de cinco barragens e da Hidrelétrica Belo Monte, pelo Eletronorte, junto ao rio Xingu. Ela garante que o projeto "não trará o desenvolvimento desejado e nem a melhoria na qualidade de vida local'.

"O modelo de desenvolvimento ainda presente no governo brasileiro – afirmou Antônia Mello – continua sem levar em conta as preocupações com o quanto uma grande obra pode trazer de empobrecimento, desigualdade e desvalorização da mulher".

Antônia Mello disse que ficou muito honrada por falar em nome do Forum da Sociedade Civil numa "tribuna da ONU" e que este fato, segundo ela, valorizará a luta pela valorização da mulher do interior. Nos dias 15 e 16 de julho, ela organiza a Conferência das Mulheres do Pará".

"A agricultura familiar como base legal para o desenvolvimento sustentável será o tema central das mulheres do Pará", diz ela. Antonia afirma não ter gostado de uma parte do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje de manhã, na abertura da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento:

"Foi quando ela falou na necessidade de projetos de infra-estrutura" completou Antônia Mello. Ela disse que na hora pensou "no caso da Amazônia e as novas hidrelétricas, abertura do território para a invasão da soja e grilagem da terra". E disse ter ficado com "certo receio'.