Brasília, 10/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Defesa, José Viegas, disse estar otimista com a possibilidade de reajuste dos salários dos militares ainda neste ano, mas não adiantou datas ou prazos. Durante debate no programa "Diálogo Brasil", exibido pela TV Nacional, o ministro afirmou que "não se trata nem de aumento, trata-se de reajuste, porque já faz três anos e meio que não têm o salário corrigido, por isso é perfeitamente que recebam neste ano", ressaltou.
Sobre a importância do envio das tropas militares brasileiras para comandar as forças de paz das Nações Unidas no Haiti, o ministro da Defesa comentou que a experiência será muito positiva ao país, tanto no campo militar como no político. "Isto é um fator de adestramento das nossas tropas. E do ponto de vista das relações internacionais, demonstra a nossa capacidade de prestar um serviço positivo à comunidade internacional em defesa da paz e da segurança, demonstra a nossa capacidade de liderar - uma vez que o Brasil foi convidado para ser o comandante da força da ONU", ressaltou.
A confiança internacional nos militares brasileiros, segundo Viegas, pôde ser verificada na prática quando o país foi selecionado para comandar as tropas da ONU. "Há toda uma demonstração de confiança da comunidade internacional e dos nossos vizinhos em particular na capacidade do Brasil de exercer um papel positivo em defesa da paz e da segurança internacionais", resumiu.
Ciência
O programa "Diálogo Brasil" que foi ao ar na noite de ontem discutiu o tema "Ciência e Tecnologia como bases para a Soberania Nacional". O ministro José Viegas admitiu que as restrições orçamentárias impediram o governo federal de realizar as ações traçadas antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente no campo científico-tecnológico.
"Não podemos construir o conjunto de Forças Armadas se não planejarmos ao longo dos anos. E temos que construir isso na prática dos Orçamentos. Hoje praticamente não temos espaço nenhum, não sabemos de quanto vamos dispor no ano que vem", comentou.
Além do ministro Viegas, também participaram dos debates o secretário-executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia, Luís Manoel Rebelo Fernandes; o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ennio Candotti; e o brigadeiro Hugo de Oliveira Piva, consultor da Área Espacial e Militar e ex-diretor do Centro Técnico Aeroespacial e do Programa Espacial Brasileiro.
Um dos temas que dividiu os participantes foi a questão da exportação de urânio enriquecido pelo Brasil. Na avaliação do ministro, a venda é favorável ao país, uma vez que o Brasil aplica sua tecnologia na área nuclear somente para fins pacíficos e tem capacidade para desenvolver, nos próximos anos, uma solução para os resíduos e os demais problemas da geração de energia nuclear.
As discussões sobre exportação de urânio foram retomadas depois da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, no final de maio. O governo brasileiro não firmou acordo com a China para a exportação de urânio, uma vez que assumira internacionalmente o compromisso de só fazer cooperação nessa área com países que são "responsáveis nuclearmente".