Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A quarta-feira marcada pela tensão em plenário que levou a uma ríspida discussão entre os senadores Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Almeida Lima (PDT-SE), provocando o cancelamento da votação em segundo turno da emenda constitucional que prevê a redução do número de vereadores, terminou com uma manifestação, ao lado do plenário, de um palhaço contra a PEC.

O paraibano Luiz Carlos Vasconcelos, que há 26 anos personifica o palhaço Xuxu, chegou a entrar no plenário para entregar seu manifesto aos parlamentares, mas não havia sessão. Por conta disso, ele foi levado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ao Comitê de Imprensa do Senado para que entregasse o manifesto aos jornalistas.

Nas três páginas, Xuxu tece uma série de diferenças entre sua categoria profissional e os políticos. E arremata: "esclarecidas as diferenças dos nossos ofícios, quero pedir aos excelentíssimos senadores que não extrapolem os limites da sua área de atuação invadindo a nossa. Ridículos e engraçados somos nós os palhaços, senadores devem ser sérios e
dignos".

No manifesto, que chegou a ser entregue pelo palhaço à líder do bloco governista, Ideli Salvati (PT-SC), Xuxu afirma que os senadores subestimam "a capacidade de indignação do povo brasileiro" ao embutir na PEC dos vereadores um corte de recursos para justificar a redução do número de vereadores determinado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 8.500 para cerca de 5 mil.

A leitura do manifesto à imprensa foi acompanhada pela presidente da Associação Brasileira de Servidores de Câmaras Municipais, Nara Maria Jurkitz, que está em Brasília acompanhando a votação da PEC. "Esta questão é muito séria, não pode ser tratada como uma palhaçada. Cerca de 30 mil pessoas perderão seus empregos por causa desta emenda constitucional", afirmou aos jornalistas.