Segurados enfrentam filas na volta ao trabalho do INSS

04/06/2004 - 12h48

Brasília, 4/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - Longas filas e espera de mais de quatro horas para o atendimento do público marcaram o primeiro dia de trabalho dos funcionários da Previdência Social depois de 44 dias em greve. A demanda represada de segurados, em média 30% a mais do que em dias normais, está obrigando os funcionários das agências a se desdobrarem para atualizar os benefícios. Na cidade-satélite de Taguatinga, no Distrito Federal, até o final da manhã desta sexta-feira, a agência já havia distribuído mais de 800 senhas. Em um dia normal, o atendimento chega a 500 segurados.

A gerente-substituta da Gerência Executiva do INSS no Distrito Federal, Márcia Regina Rodrigues, revela que está sendo feito um estudo preliminar, juntamente com o sindicato da categoria, com visita a cada agência para verificar in loco como está o atendimento e a demanda. "O que tem se observado hoje é que a demanda está normal", afirmou.

A equipe já havia visitado a agência do Gama, do Plano Piloto, em Brasília, de Sobradinho e de Planaltina. "Todas as agências estão com o quantitativo normal de atendimento", observou a gerente. De acordo com Márcia Rodrigues, as filas são normais sempre. "Para o atendimento da Previdência sempre existiu fila". Ela confirmou que está sendo realizado um estudo "para verificar como vai ficar o atendimento em função de, se houver necessidade, repor horário com os servidores".

A chefe da agência da Previdência Social de Taguatinga, Rosa Maria Fernandes Guimarães, confirma que a maior parte dos atendimentos diz respeito ao auxílio trabalho e auxílio doença, além dos benefícios. "Nos dois primeiros que nós estamos enfrentando após a greve, não se está tendo a oportunidade de dar entrada em todos que estão tendo acesso à agência. Estamos limitando em 70 senhas para habilitação de benefícios", assinalou

Nesta agência, 82 funcionários estão concentrados no atendimento na parte da manhã e todas as pessoas que estiverem dentro da agência após o fechamento serão atendidas. Ela garante que, "se houver necessidade nós vamos reforçar o quantitativo de pessoal".

Com relação à possibilidade de ser feito um plano de compensação dos dias parados, João Torquato, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social (Saúde, Previdência, Assistência Social) e Trabalho, diz que a situação está tranqüila e há um esforço concentrado para que isso não seja necessário. "Nós fizemos um debate com o governo federal no intuito de traçarmos um plano de trabalho que possibilitasse um bom atendimento à população e isto está sendo feito". Segundo ele, há um esforço por parte dos servidores que estão trabalhando acima do seu limite para atender da melhor forma à população.

Para Genoveva Carvalho Ramos, 71 anos, mãe de uma segurada beneficiária do INSS, a longa paralisação causou transtornos para ela e para a filha doente. "Por causa da demora no pagamento do benefício dela", afirmou, esclarecendo que havia chegado à agência às 8 horas da manhã e até as 11 horas ainda não havia sido atendida. Com a senha de número 166 nas mãos, Genoveva disse que a informação dada foi de que "eu tenho que esperar dar esse número 481. Não vou sair daqui hoje e não sei como vou fazer. As contas estão todas amontoadas e o nome já sujou".

Cego há dois anos em decorrência de uma diabete e buscando a aposentadoria a que tem direito, João Adolfo Sarmento, 67 anos, era outro a esperar pacientemente na fila. Se dizendo calmo "até o momento", ele fez um desabafo. "A greve deve ter dado prejuízo para muita gente e até mesmo para os funcionários. Mas, muito mais é a desorganização é que está deixando muita gente nervosa". Ele reclama dos poucos direitos dos velhos quando o assunto é saúde. Tendo chegado às oito horas, Sarmento apresenta a senha 442 se dizendo aborrecido. Na sua opinião, os velhos não têm direito nem no INSS e nem nos hospitais da rede pública. "Porque o idoso tem oportunidade em vários órgãos, menos nos do governo?

Já a dona de casa Maria de Fátima Ribeiro elogiou o pronto atendimento dado à sua mãe, paralítica de uma das pernas. "Embora a greve tenha causado atraso no pagamento da aposentadoria a gerente da agência já chamou a gente e, pelo jeito vai resolver rápido".

A funcionária da agência de Taguatinga, Marta de Castro, disse que o atendimento estava sendo normal como sempre. "Muito sufoco", reforçou. Segundo ela, a maioria das entradas são para auxílio doença, auxílio ao idoso e atestado médico". Dado o andamento do atendimento, ela avalia que não haverá necessidade de fazer horas extras. O segurança Márcio Barbosa confirma que o volume de segurados que procuraram a agência foi "além do normal um pouco". Ele lembrou que o volume de gente só não é maior porque durante a greve foram marcadas muitas perícias que iam vencer. "Estamos trabalhando com tranqüilidade".