Lula vai acompanhar pessoalmente desempenho dos ministérios

04/06/2004 - 18h31

Ana Paula Marra e Gabriela Guerreiro
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai acompanhar pessoalmente os gastos de cada um dos Ministérios para cobrar maior agilidade e ações efetivas nas áreas social, política e econômica. Durante reunião ministerial na Granja do Torto, que durou pouco mais de três horas, o presidente revelou à sua equipe que vai receber relatórios mensais dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento para poder ver de perto o que está sendo feito dentro das restrições orçamentárias de cada pasta.

O objetivo do presidente, segundo o ministro Eduardo Campos, da Ciência e Tecnologia, é conseguir ações efetivas que tragam resultados junto à população. "Cada área quando for despachar com o presidente vai encontrá-lo com muitas informações. É uma pressão sobre a máquina, sobre cada um de nós. E os ministros também vão poder cobrar de suas equipes", explicou.

O ministro Aldo Rebelo, da Coordenação Política, reforçou que o presidente quer agilidade nas ações para garantir o desempenho positivo da economia, a geração de empregos e a distribuição de renda. "O prazo do governo é a partir de hoje", afirmou Rebelo.

O presidente disse aos ministros ter encontrado falhas na execução orçamentária de algumas pastas, segundo afirmou Eduardo Campos. Mas o presidente ressaltou, ainda de acordo com o ministro, que em governos anteriores a situação era "muito pior". Eduardo Campos disse que o presidente acredita na velocidade como instrumento capaz de fazer cada um dos Ministérios colocar em prática ações mais eficientes.

Segundo os dois ministros, Lula fez uma análise geral da atuação de cada pasta na reunião, mas não comentou individualmente o trabalho desenvolvido por cada Ministério. "O presidente não particularizou Ministérios", disse Eduardo Campos.

Crescimento

Durante a reunião, os ministros Antonio Palocci, da Fazenda, e Guido Mantega, do Planejamento, fizeram uma exposição sobre a situação econômica e financeira do governo. Segundo dados apresentados pelos ministros, o desempenho no superávit primário está acima das expectativas, e o cenário externo não vai prejudicar a rota de crescimento registrada nos últimos meses.

"O presidente disse estar cauteloso, mas enfatizou que não há nenhum risco de qualquer coisa atrapalhar o crescimento do país, nem mesmo a alta do petróleo registrada nos últimos dias", ressaltou o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira. "Todos saímos com a certeza de que o Brasil efetivamente entrou na política externa com crescimento interno", disse.

O ministro Aldo Rebelo garantiu que a previsão de crescimento estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentária, de 3,5%, está mantida pelo governo. "Essa meta está assegurada pelo desempenho da economia. Mas como a economia está crescendo a cada dia, essa meta pode ser ultrapassada", disse.

O ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores, também fez uma exposição sobre a política externa brasileira. O ministro afirmou que há uma visão otimista no exterior em relação aos resultados da política econômica do país. O motivo de discutir com todos os Ministérios o desempenho do Brasil no exterior, assim como o resultado das viagens internacionais já feitas pelo presidente, se dá porque, segundo o ministro, "a política externa não é assunto só do presidente Lula, nem só do Itamaraty. Política externa envolve todos os ministérios".

Para Celso Amorim, o índice de crescimento econômico do primeiro trimestre de 2004, anualizado, chega a mais de 6% ao ano. "Esse é um dado positivo, mas não foi feita qualquer previsão sobre o futuro", disse.

Solidariedade

No final da reunião, o presidente pediu aos ministros solidariedade ao ministro da Saúde, Humberto Costa, por causa das denúncias de corrupção na pasta levantadas pela Operação Vampiro. Segundo Eunício Oliveira, o presidente disse que o ministro da Saúde não deve ser julgado antes que todos os fatos sejam apurados. "É um momento de solidariedade entre companheiros que estão no mesmo barco. E o barco somos todos nós", afirmou o presidente, de acordo com o relato do ministro Eunício Oliveira.

A iniciativa de defender Humberto Costa, segundo Eunício Oliveira, partiu do próprio presidente - já que a Operação Vampiro não entrou formalmente na pauta do encontro. O ministro disse, ainda , que o presidente ressaltou que a iniciativa de pedir à Polícia Federal que investigasse os desdobramentos de corrupção no Ministério da Saúde partiu do próprio Humberto Costa.

Aldo Rebelo adiantou que o ministro Márcio Thomaz Bastos vai fazer pronunciamento na noite de hoje, no rádio e TV, para comentar sobre as ações do governo no combate à corrupção.

A reunião ministerial de hoje foi a sétima do governo Lula e a segunda deste ano. Apenas quatro dos 35 ministros não participaram do encontro por estarem em viagens de trabalho no exterior, mas foram representados pelos secretários-executivos: Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência; Ricardo Berzoini, do Trabalho; Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, e Dilma Roussef, de Minas e Energia.