Rio, 4/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - Os Bispos da Regional Leste da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) encaminharam uma "carta aberta" à governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus, onde afirmam que a "Pastoral Carcerária já havia alertado o governo para o real perigo de se colocar, no mesmo espaço físico, facções rivais do crime" organizado que age no estado.
A carta foi entregue na manhã de hoje, depois da crise ocorrida na Casa de Custódia de Benfica, na Zona Norte da Cidade, onde foram mortos 30 presidiários e um agente penitenciário e 14 detentos fugiram. O documento foi encaminhado também aos presidentes da Assembléia Legislativa e da Câmara Municipal, ao prefeito César Maia, aos presidentes dos tribunais de Justiça, de Contas do Estado, Regional do Trabalho e Regional Eleitoral. Também receberam o documento o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e os comandantes Militar do Leste e do 1o Distrito Naval.
Tirada durante Assembléia Regional da CNBB, realizada com os bispos do Leste e os coordenadores da Pastoral Carcerária, a carta lembra à governadora que a Pastoral Carcerária tem encontrado "graves dificuldades" para dar continuidade ao seu trabalho junto aos presos. "É importante ressaltar", diz ainda , "que a última pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que 30% do efetivo carcerário se declararam católicos".
O documento acusa o governo do Rio de ter determinado a retirada do bispo da Igreja Católica que estava na Casa de Detenção, "por determinação do próprio secretário de Segurança, Anthony Garotinho". Creditam ao secretário de Segurança a responsabilidade de, paralelamente, afastar os negociadores do estado quando estes já estavam próximos de uma solução, para passar o comando a "pessoa do seu interesse" – neste caso a um pastor de uma Igreja Evangélica da Baixada Fluminense.