Brasília, 4/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - No dia 24 de junho, a Caixa Econômica Federal vai participar junto com as principais empresas mundiais de um encontro em Nova York com o secretário da ONU, Koffi Annan. A Caixa Econômica aderiu ontem (3), ao Pacto Global das Nações Unidas, que prevê o compromisso de nove princípios básicos, baseados no respeito mútuo aos direitos humanos, nas normas de trabalho e ao meio ambiente. A Caixa assumiu também a participação no Instituto Ethos, representante do Pacto Global da ONU no Brasil e que
congrega empresas de responsabilidade social.
O presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, Ricardo Young, destacou que está é a primeira vez na história da ONU que a Organização estabelece relação direta com empresas sem intermediação dos Estados nacionais. Para Young, a colaboração da entidade no Ethos irá aprofundar o movimento de responsabilidade social e servirá de exemplo de gestão de
desenvolvimento social no país. "A Caixa começará a agir junto a clientes e a comunidade a partir desses parâmetros, ajudando-os a ter outra noção de dimensão social. Ela servirá de exemplo de como as empresas públicas podem acelerar o processo de desenvolvimento sustentável", diz.
O presidente da Caixa, Jorge Mattoso afirmou que os acordos são uma formalização do ingresso da Caixa na histórica missão de responsabilidade social da entidade, criada há 143 anos. Ele destacou a atuação da instituição no governo Lula e informou que no ano passado 91% dos
investimentos foram aplicados em habitação e saneamento, no total de R$ 1,7
bilhões.
Ontem também foi assinado entre o presidente da Caixa Econômica e a ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, um acordo de cooperação técnica para disseminação de ações de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, fundamentado nos princípios da Agenda 21 Brasileira. A ministra ressaltou a importância de empresas e da sociedade trabalharem juntos para criar uma política que envolva inclusão social e sustentabilidade. "A nova utopia é que o Brasil tenha participação na melhoria de vida de 53 milhões de seres humanos que vivem com menos de um dólar por dia. Temos ativos ambientais que nos dão grandes oportunidades e temos também condições de escolher um novo padrão de produção e consumo para compatibilizar o homem e o meio ambiente. Mas só vamos conseguir se for um movimento da sociedade",
afirmou Marina Silva.
De acordo com a ministra, os índices de desmatamento apontou 23,7 mil quilômetros de desflorestamento na Amazônia, no ano passado. Ela lembrou que há 12 anos tramita no Congresso Nacional um projeto para preservar os 7% restantes da Mata Atlântica. "Temos que criar uma nova forma de lidar com a dinâmica do desenvolvimento. Todo mundo defende o meio ambiente, mas ninguém quer defender o meio ambiente no seu particular", disse Marina Silva.
Após a assinatura dos acordos, o professor e escritor Leonardo Boff deu uma palestra sobre desenvolvimento sustentável, em que destacou a necessidade da atual sociedade respeitar os pactos ambientais para que as gerações futuras possam continuar a receber essa herança. "Dois fatos despertaram as empresas para outro tipo de globalização: a visibilização de pobreza no mundo, que revela níveis de barbárie; e o alarme ecológico, que mostra anualmente a piora dos índices ambientais", disse Boff.